Neste período ímpar de início de século, em que todas as nossas comunidades vivem crises com impactos dos mais diversos tipos, origens e duração, uma das questões que podem ser vitais para a análise e revisão dos programas de voluntariado corporativo deve ser a definição do “propósito humano” deste programa.
O propósito humano, descrito no livro HumanKind, de Tom Bernardin e Mark Tutssel, traz aprofundada tal definição e algumas ações que foram realizadas para o Terceiro Setor com este conceito, entre elas a “Hora do Planeta” e as lojas da Cruz Vermelha em Portugal. Tentar descobrir se este programa fala de verdade sobre as pessoas, se tem propósito claro e se busca uma mudança de comportamento são pontos vitais para o sucesso da iniciativa. Este conceito nos leva a algo mais profundo e que realmente move e transforma a vida das pessoas.
Alguns programas de voluntariado corporativo buscam a transformação na análise do antes e do depois. Eles tentam abordar como o voluntário encontrou uma comunidade, uma pessoa, um grupo, um lugar, e como ele ficou diferente depois da atuação como voluntário, ou mesmo fazendo parte de um grupo de voluntários. Este trabalho foi realizado por uma hora, um período do dia, um dia inteiro, vários dias, várias ligações, inúmeras mentorias remotas, enfim... seja qual for o escopo, o período e o tipo de recurso utilizado para solucionar, minimizar ou transformar positivamente aquela realidade, considerando geralmente apenas um dos pontos de vista, ou, em alguns casos mais avançados, considerando a transformação avaliada por mais do que um ponto de vista. Onde está o propósito humano de uma atuação voluntária desse tipo? Os programas de voluntariado precisam descobrir qual é a motivação humana, qual sentimento envolveu esta iniciativa em todas as pessoas. Certamente lá é onde ele poderá ser encontrado.
Alguns programas de voluntariado buscam desenvolver talentos e habilidades profissionais, compromisso com a empresa, compromisso com a comunidade, orgulho de pertencimento; todos eles atrelados a uma tênue e, eventualmente, imensurável condição: afinal, como podemos medir a “quantidade de talento ou habilidades profissionais” de um funcionário de uma empresa antes de entrar em um grupo de voluntariado corporativo? Como mediremos esta “quantidade de talento” que foi incorporada pelo profissional após a passagem pelo grupo de voluntariado corporativo? Qual é o tempo de absorção de novos conceitos, talentos e habilidades?
Afinal, algumas pessoas absorvem conhecimentos pela leitura; outras, pela observação ou pela execução; outras, ainda, depois de muita leitura, muita observação e muita execução. Ou seja, o tempo e a forma de absorção de habilidades são variáveis de pessoa para pessoa. Portanto, chega a soar ligeiramente arrogante quando alguns programas afirmam serem eles os responsáveis pelo progresso profissional de seus participantes. O que mais pode ser entregue em contrapartida para os funcionários por esses programas? Afinal, se um programa de voluntariado corporativo é desenhado para desenvolver habilidades, ele requer tempo, estudo e prática, avaliação e formação continuada, monitoramento e reconhecimento. Se a retenção de talentos, o desenvolvimento de pessoas, o engajamento de funcionários nos compromissos sociais da empresa for o objetivo principal do programa, este objetivo precisará ser bem analisado e difundido na corporação. Se é esta a motivação principal daquele programa de voluntariado corporativo, é possível identificar nesta seara um propósito humano real neste modelo de atuação?
Alguns programas de voluntariado trazem como objetivo o desenvolvimento social das comunidades. Esta opção é muito comum, principalmente quando estão inseridos dentro do ambiente das Fundações e Associações que, de fato, têm propósitos sociais bem claros e definidos. Como a atuação voluntária pode assegurar que, sem ela, a comunidade não seria a mesma? É importante e necessário reconhecer que o voluntariado bem executado colabora com o desenvolvimento social; porém, ele não acontece por vontade única e exclusiva da atuação voluntária ou da empresa. Essa transformação geralmente acontece pela soma de vontades individuais e que trabalham em consonância, somando-se e complementando-se de forma que a transformação se torne viável, e não fruto de um único ponto de partida.
Vale lembrar que muitos voluntários ativos conseguem permissão, por suas políticas de voluntariado, para atuar por um período de 4 horas mensais, alguns por 6 horas. É possível garantir que 40 ou até 80 horas de trabalho corporativo voluntário aconteçam durante um ano em uma comunidade e que toda a transformação ocorrida se deva a este esforço unicamente? Qual o sentimento que moveu este voluntário, esta empresa, esta comunidade? Quais sensações estavam (ou ainda estão) no fundo do coração e mente das pessoas? Será que não é este o verdadeiro propósito humano deste programa?
Outros programas de voluntariado corporativo são utilizados como ferramenta para divulgação da marca da empresa, com uma ênfase acentuada no propósito e objetivo da marca que o sustenta com todos os recursos necessários. Uma maneira diferente de atuação, que entrega visibilidade ao programa, aos voluntários, à comunidade e à empresa. Ainda sim, pode faltar esse elemento humano que motiva o voluntário a retornar àquela ação, inclusive repetidas vezes, independentemente da ação e motivação da corporação, e sem todo o aparato que tornou visível tanto a causa como a ação realizada. Nesses casos, onde os programas de voluntariado corporativo podem buscar seu propósito humano real e legítimo?
A descoberta do propósito humano das nossas atividades envolve entender muito bem as Pessoas, descobrir seu Propósito legítimo, convidar para a Participação e, consequentemente, ganhar Popularidade.
Neste momento, os programas de voluntariado corporativo também precisam buscar uma análise mais ampla e aprofundada da razão de suas existências. Afinal, este pode ser um caminho para identificar aquele “algo a mais” que não pode ser traduzido em palavras, mas é algo que realmente desperta a humanidade de forma latente no coração e na mente das pessoas. Identificar o propósito humano dos programas de voluntariado pode fazer todo o sentido neste momento em que a humanidade clama por relações humanas verdadeiras, humanização no atendimento, humanização no discurso.
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