A comunicação transforma o mundo.
Acredito muito nesta frase. Você pode estar pensando: "É claro! Uma empreendedora que fundou uma agência de marketing com impacto social só poderia ter essa confiança no poder da comunicação ". Mas, ao final desse artigo, espero convencer você de que essa frase faz todo o sentido.
Nós, que queremos mudar o mundo, encontramos muitas dificuldades pelo caminho. Não somos empresas tradicionais. Trabalhamos com causas e não com produtos, e isso faz com que, muitas vezes, nossos orçamentos sejam limitados e os recursos, escassos. Nesse cenário, a comunicação torna-se o nosso principal ativo.
Uma boa comunicação amplia o diálogo com pessoas que se interessam pela sua causa, potencializa sua mensagem e pode tornar sua organização referência em um determinado tema. Hoje, um componente-chave de qualquer estratégia de comunicação bem sucedida – seja no setor privado, na gestão pública ou no Terceiro Setor – é o marketing digital.
É sobre ele que falarei neste artigo.
Na década de 1990, o termo marketing digital começou a ser utilizado para se referir às novas fórmulas de marketing que surgiram com a internet. Com a disseminação da rede, o comportamento dos consumidores mudou: eles passaram a ter, a apenas alguns cliques de distância, informações que antes seriam difíceis de se conseguir. E, assim, a maneira de anunciar produtos, serviços e, até mesmo, causas precisou evoluir também. Podemos entender o marketing digital como o conjunto de ações nos meios digitais, que têm como objetivo atrair novos negócios, criar relacionamentos e desenvolver uma identidade de marca. Essa missão envolve várias frentes de atuação, como a produção de conteúdo, o envio de e-mail marketing, o trabalho nas redes sociais, o SEO (Search Engine Optimization), entre outras.
Seus benefícios? Além de ser uma estratégia com baixo custo de manutenção, também oferece a possibilidade de segmentação da comunicação em diferentes canais e para diferente públicos, ajuda a construir/conquistar credibilidade, é mensurável e funciona em tempo real.
Mas como ele funciona?
Conrado Adolpho, autor do livro Os 8 Ps do Marketing Digital, criou uma metodologia de oito passos lógicos e sequenciais para que possamos compreender como o marketing digital funciona na prática.
Para ele, toda venda é um processo e não um evento isolado. Sempre que compramos algo, passamos por algumas fases: conhecer, gostar, confiar e, só então, realizar a compra. E isso funciona também para o Terceiro Setor, que "vende" causas.
Então, vamos conhecer esses oito passos.
1. Pesquisa O primeiro passo de uma estratégia de marketing digital é obter respostas para as seguintes perguntas: Qual é o seu público? Quem são os seus concorrentes? E aqui vale reforçar: se o seu doador deixa de apoiar a sua organização para doar para outra, ela já é sua concorrente. Claro que no mundo dos negócios esse termo parece agressivo, mas é preciso falar sobre isso.
2. Planejamento É hora de planejar suas estratégias e pensar em como sua organização atuará. Quais serão seus canais de comunicação? E os seus objetivos com o marketing digital? Sua comunicação está alinhada com seu público-alvo? Quem mais faz o que você faz ou tem o mesmo propósito que o seu? Faça benchmarking1. Defina sua oferta, que é como você apresentará sua causa.
3. Produção Agora que você já sabe aonde deseja chegar, precisa ativar suas ferramentas. É hora de refazer seu site, com um espaço para blog, verificar e validar suas redes sociais, e deixar tudo estruturado para começar a produzir conteúdo para engajar seu público.
4. Publicação Foque seus esforços em produzir conteúdos de valor, suficientemente relevantes e consistentes para atrair e reter o público certo. Afinal, é a partir da atração que se constroem bons relacionamentos! Produza artigos, e-books, webinar, posts em redes sociais. Há diversas maneiras de criar conteúdo, portanto, seja criativo!
5. Promoção Como seu conteúdo ganhará o mundo? Muitas vezes, é preciso e válido investir em tráfego pago por meio de anúncios no Facebook, Instagram, Google Ads ou Publicidade Nativa. Mas, atenção para essa "super dica": o Google Ad Grants é um benefício que o Google oferece às organizações da sociedade civil no valor de US$ 10 mil em mídia no AdWords. Pesquise a respeito e veja se sua organização preenche todos os requisitos.
6. Propagação Lembre-se que os grandes responsáveis por propagar seu conteúdo são os seus seguidores. Por isso, estimule a viralização. Promoções, enquetes, testes... Há diversas maneiras de fazer seu público divulgar seu conteúdo e atestar a sua credibilidade. O gatilho social, que é quando uma pessoa deixa um depoimento sobre a organização, é um dos mais utilizados para validação de produtos e serviços no mundo dos negócios.
7. Personalização Procure dialogar com seus stakeholders. Crie listas segmentadas para enviar e-mails, FAQs inteligentes e de qualidade, e nunca deixe as pessoas esperando por respostas. Pois, afinal, depois de estimular tanto a rede, é preciso dar uma atenção especial aos que estão se relacionando efetivamente com sua organização. Nessa etapa, uma estratégia que aliviará a demanda que essa personalização traz é a automação de marketing.
8. Precisão Chegou o momento de avaliar sua estratégia. Quais pontos precisarão de melhoria caso os resultados não estejam aparecendo? Pode ser falta de investimento em tráfego, conversão focada em um público-alvo errado ou mesmo um site desatualizado.
Agora que você já tem uma noção dos passos que uma boa estratégia de marketing digital leva em consideração, que tal conversarmos sobre ações específicas importantes para uma organização do Terceiro Setor?
Sabemos que o aumento do número de doadores é um dos grandes objetivos das organizações. Para isso, alguns aspectos que englobam o marketing digital devem ser considerados com atenção.
Como já mencionei no último tópico, antes de se engajarem em uma causa, as pessoas precisam conhecer e confiar nela. E o primeiro local onde elas buscarão informações é o seu site. Por isso, certifique-se de que ele realmente representa sua organização e de que mostre aos potenciais doadores a importância de contribuir.
Não esqueça de que um bom site é funcional para desktop, tablets e smartphones. Além disso, formulários de conversão são a chave para que você inicie o relacionamento. As redes sociais também não podem ser esquecidas; coloque-as em um ponto de fácil acesso no site.
Uma boa comunicação amplia o diálogo com pessoas que se interessam pela sua causa, potencializa sua mensagem e pode tornar sua organização referência em um determinado tema |
Coletar, organizar e analisar as informações dos doadores e potenciais doadores é fundamental para que sua organização alcance o público certo, que responderá positivamente às suas demandas. Lembre-se que as pessoas se conectam ao que faz sentido para elas! Utilize os dados a seu favor.
A captação de recursos por meio da internet é muito mais do que apenas uma página voltada para doações em seu site. Aproveite o potencial da rede para criar campanhas de financiamento coletivo, que atingirão um público mais amplo.
O financiamento coletivo evoluiu e agora não é só para campanhas com prazos específicos; você pode criar uma campanha recorrente e fidelizar doadores com ela.
Espero ter conseguido fazer com que você também acredite que a comunicação transforma o mundo. Toda causa tem uma voz que merece ser ouvida e disseminada por aí. E o marketing digital pode ser o instrumento que faltava para aumentar o volume da sua!
1Benchmarking é a busca pelas melhores práticas em um determinado segmento. É compreendido como um processo positivo e por meio do qual uma organização examina como outra realiza uma função específica, a fim de melhorar a maneira como realiza a mesma função ou semelhante. O processo de benchmarking não se limita à simples identificação das melhores práticas; também contempla, por exemplo, sua divulgação por intermédio das diversas técnicas de marketing.