O desafio de adotar a Inteligência Artificial no Terceiro Setor

Por: Agência Pauta Social
05 Dezembro 2024 - 00h00

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Como a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar as Organizações Sociais no Brasil? Quem faz essa pergunta para a mais conhecida ferramenta da Open AI, o famoso ChatGPT, terá uma prova concreta sobre a incrível funcionalidade dessa tecnologia para o Terceiro Setor. Essa reportagem, inclusive, realizou esse teste e recebeu do robô uma lista de possibilidades do que ele seria capaz de fazer, muito além da redação de textos. 

A primeira entrega do ChatGPT para as ONGs estaria na automatização de tarefas administrativas, ou seja, o uso da ferramenta para responder a perguntas frequentes, personalizar o atendimento automático (chat boot) e até gerenciar e-mails, liberando o tempo dos funcionários da organização para se concentrarem em tarefas mais estratégicas.

Para isso, é preciso que a organização contrate alguém com conhecimento em programação. Esse profissional conseguiria integrar o ChatGPT na caixa de e-mails da instituição, no site e demais plataformas de comunicação. Cada vez que um email marketing pedindo doações fosse disparado, a ferramenta pode estudar o comportamento de cada destinatário e, avaliando os dados como um todo, sugerir uma nova estratégia, se for o caso.  

Para captação de recursos no call center, a inteligência artificial nos garantiu que consegue analisar padrões de doação, identificando qual deles têm mais chance de voltar a fazer doações mesmo que tenham pausado as contribuições há muito tempo. Neste caso, o ChatGPT pode criar um texto personalizado, tornando o contato mais eficaz.

A acessibilidade também estaria contemplada já que a AI permite que conteúdos sejam configurados para oferecer interfaces acessíveis para cada perfil de usuário, garantindo às pessoas com deficiências uma solução para as barreiras de comunicação.

Ainda na lista de utilizadas da ferramenta pelo Terceiro Setor aparece a criação de materiais educativos, ebooks, cartilhas para treinamentos internos, programas para voluntários e beneficiários, com a vantagem de poder adaptar cada linguagem ao seu público específico.

Para reforçar o engajamento, a AI promete analisar dados de redes sociais a fim de entender as preferências dos seguidores e simpatizantes de determinada causa e, com isso, gerar mensagens relevantes para blogs, newsletters e outros canais de informação com aquela comunidade.

Se a relação das funcionalidades acima, apontadas pela própria inteligência artificial, surpreende, torna-se mais impressionante ainda a recomendação que o Chat GPT nos deu, ao final: “É crucial que as organizações sociais no Brasil também considerem questões éticas, como privacidade de dados e viés algorítmico, garantindo que o uso da IA esteja alinhado com os valores e missões da organização”. 

Traduzindo: jamais confie piamente nos dados trazidos pelo Chat GPT, pois o tal “viés algorítmico” mencionado pode levar sua ONG a publicar uma data ou citação equivocadas, ou até mesmo produzir conteúdos não condizendo com o modo de pensar da ONG. Tudo sempre precisa ser checado antes da divulgação, assim como fizemos com os itens da lista de exemplos nesta reportagem.

Credibilidade

Por mais que o uso da IA seja benéfico às instituições do Terceiro Setor, são poucas as que já usam a ferramenta no seu dia a dia. Pesquisa inédita realizada recentemente pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas como ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.

Com o nome “O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs”, a pesquisa mostra que 37% dos entrevistados acreditam que os benefícios do uso da Inteligência Artificial superam os potenciais riscos, ao passo que 22% dos entrevistados pensam o contrário.

A gerente de Comunicação e Conhecimento do IDIS, Luísa Lima, reforça que a IA já existe há mais de 80 anos, mas somente agora é que começa a ter mais protagonismo no cotidiano. “As organizações sociais estão atentas e algumas deram alguns passos práticos. Mas é preciso ampliar e aprofundar as conversas sobre as possibilidades de usos e implicações para o setor social”, acrescenta.

Segundo Luísa, os números revelados pela pesquisa mostram a necessidade de se falar mais sobre as oportunidades e potencialidades da IA, mas também ter ciência dos riscos da adoção da Inteligência Artificial no Terceiro Setor. É como se fosse uma via de mão dupla. “É importante dar luz às experiências e extrair aprendizados. Se uma organização aplicou a IA para a captação de recursos, o que foi alavancado e quais os vieses que precisaram ser superados?”, observa.

Ela ressalta que empresas do ramo de tecnologia e organizações que atuam com esse foco têm oferecido capacitações voltadas ao uso da tecnologia no Terceiro Setor, um caminho prático para ampliar sua adoção e chama atenção para a tramitação da Política Nacional de Inteligência Artificial no Congresso Nacional para que, uma vez aprovada e sancionada, a IA seja disseminada entre o setor.

“Temos diante de nós uma grande oportunidade para alavancar o setor social, mas a adoção adequada da IA depende de investimento e requer a compreensão de que haverá tentativas e erros nesta jornada. Investidores Sociais e filantropos devem estar atentos e contribuir para essa mudança”, diz Luísa. 

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Orientação

De olho na expansão da IA e o seu potencial de uso pelo Terceiro Setor, o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds) elaborou uma cartilha inteligente com uma linguagem acessível para orientar gestores deste segmento.

De acordo com o fundador e diretor-presidente do Cieds, Vandré Brilhante, o objetivo da cartilha é contribuir para que ONGs em geral, e especialmente as de menor porte, possam conhecer ferramentas que contribuam para a gestão financeira, elaboração de projetos, pesquisas, bem como para a produção de vídeos, artigos e adesão a novas soluções, além de permitir redução de custos operacionais e administrativos. 

“Historicamente, o Terceiro Setor costuma ficar distante das inovações, em função de custos. Mas hoje podemos ter acesso gratuito e em larga escala a inteligências artificiais que podem dinamizar e aprimorar a atuação das ONGs no dia a dia”, ressalta.

Há, porém, um fator a ser levado em consideração: embora o acesso à IA seja gratuito a todos, a facilidade de operar essas ferramentas não é. Por esse motivo, o uso da AI pode aumentar as desigualdades entre as organizações no quesito Captação de Recursos. Para a gerente de comunicação do IDIS, Luísa Lima, uma forma de democratizar o uso da IA pelas organizações pode estar em compartilhar o conhecimento dessas tecnologias no Terceiro Setor. Além disso, as ONGs com mais facilidade em usar ferramentas tecnológicas pode contribuir para engajar novos doadores, aumentando, inclusive, a cultura de doação no país. “O aprendizado poderá ser então aproveitado pelas organizações menores, já mais depurado, e todos poderão se beneficiar”, acrescenta.

Realidade

Apesar da explosão do uso da IA em 2023, com o fenômeno do chatGPT, diversas ONGs ainda se mantêm reticentes em adotar essas ferramentas em seus processos, principalmente, nas pequenas instituições, ressalta Vandré Brilhante, do Cieds.

Segundo ele, não só as ONGs, mas a sociedade em geral, ainda pensam que as IAs são direcionadas a grandes corporações ou para quem já domina a tecnologia. “Mas é o contrário disso. A inteligência artificial chegou para mostrar soluções de forma simples e acessível a todos”. Esse receio, no entanto, diminuirá com o tempo. “A IA já estão presente em nossas vidas, basta ver o que o nosso celular faz no dia a dia”, defende, citando os aplicativos de pesquisa e de mapas de localização tão utilizados nesses aparelhos.

O próximo passo estaria em aceitar que a IA pode ajudar bem mais do que isso. “Ela permite usarmos aplicativos para extração de dados complexos de planilhas, programação, elaboração de textos, vídeos de alta qualidade, seleção de fotos e até mesmo criação de textos e imagens que facilitam o trabalho. Em nossa organização, já aderimos ao uso das IAs como ferramentas para otimização do trabalho, sempre valorizando o humano, mas usando a tecnologia a nosso favor”, disse.

Modernização

No IDIS, Luísa Lima afirma que o uso da IA Generativa já é uma realidade entre os colaboradores, muito mais para explorar as potencialidades da ferramenta no sentido de testar caminhos, aprimorar narrativas, analisar dados. “Aplicativos para a criação de imagens ou atas de reuniões já são testados. Em 2023, conduzimos um debate acerca do uso dessas ferramentas e, neste ano, queremos aprofundar a discussão, trazendo treinamentos e letramentos específicos, considerando oportunidades e riscos”, acrescentou.

Vandré Brilhante, do Cieds, lembra que a realidade das organizações sociais exige agilidade na produção de propostas e projetos, assim como no levantamento de dados das mais diversas realidades. “A pesquisa in loco sempre está atrelada à disponibilização de dados por órgãos e instituições, e essa extração ficou mais rápida com as IAs”, afirma o dirigente.

No entanto, Vandré faz questão de pontuar que a IA não vai substituir a inteligência humana. Segundo ele, esta tecnologia chega, sim, para contribuir com a inteligência humana e agregar ao dia a dia e ao trabalho em diferentes áreas de atuação. 

“Para as organizações sociais, nós que trabalhamos com dados sociais e ambientais, desigualdade, ter acesso a ferramentas que possam agilizar a entrega de dados confiáveis só tem a contribuir e aumentar nosso impacto social e é para isso que existimos. A AI é uma parceira, é positiva e chegou para ficar: estimulamos cada vez mais o uso no cotidiano de trabalho”, defende.

Veio pra ficar

Um dos maiores especialista em Inteligência Artificial no Brasil, o professor Edney Souza destaca que os investimentos na educação em hard e soft skills são fundamentais para que a população domine a IA Generativa e a engenharia de prompts (nome dado ao comando que a pessoa dá à ferramenta para ela realizar determinada tarefa).  “É preciso que a IA deixe de ser uma ‘modinha’, aparecendo toda hora nas redes sociais e na mídia, para virar algo presente no dia a dia de todas as pessoas”, sentencia. “O grande impacto da IA na produtividade acontecerá na execução de tarefas, mas, para aproveitar isso, será preciso aprender a dar bons comandos (prompts)”, acrescenta.

Ele também chama a atenção sobre a necessidade de garantir que os sistemas de IA sejam transparentes, seguros e justos, e alerta que o ganho de produtividade advindo com a transição para a IA não vai ocorrer de forma natural. “É preciso incentivar e treinar as pessoas, e redesenhar os processos considerando que algumas tarefas agora serão mais rápidas”, diz.

Benefícios

O especialista garante que o Terceiro Setor pode se beneficiar bastante da IA, principalmente com a otimização de recursos, a melhoria da eficácia em suas ações e o aumento do impacto social.

“Ferramentas de IA podem ajudar na análise de grandes volumes de dados para identificar padrões e necessidades não atendidas, otimizar a alocação de recursos, personalizar a comunicação com doadores e beneficiários, além de monitorar e avaliar o impacto de projetos. Assim as ONGs podem alcançar resultados mais significativos com recursos limitados”, salienta.

Edney observa, ainda, que uso da Inteligência Artificial tem que ser regulamentado no País, assim como foi a internet e, agora, as redes sociais. Para ele, um marco regulatório da IA pode ajudar a estabelecer diretrizes claras sobre ética, privacidade, segurança e responsabilidade, promovendo o uso responsável e sustentável da tecnologia. 

“A colaboração entre governos, setor privado, academia e sociedade civil será fundamental para desenvolver regulamentações que incentivem a inovação, ao mesmo tempo em que protege os direitos dos indivíduos e promovem o bem-estar social”, finaliza.

E agora, você ou sua organização estão mais animados a trazer a Inteligência Artificial para o seu dia a dia e os processos internos? 

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