Fui apresentado ao Terceiro Setor assim como a maioria dos profissionais que estão hoje atuando em organizações sem fins lucrativos (OSs): iniciei como voluntário quando percebi que precisava fazer algo para mudar aquilo que me incomodava e dedicar meu tempo livre para o voluntariado seria um caminho interessante. Já estava há 2 anos formado e, até então, pouco tinha ouvido falar sobre OSs ou coisas assim. Na minha graduação, nenhum professor sequer citou ou falou sobre o tema, e assim vejo se repetir nos mais diversos cursos, raramente ouvimos falar sobre o setor nos cursos de administração, economia ou mesmo financeiro ou de contabilidade. Felizmente, hoje o cenário já é bem mais favorável, se comparado com 20 ou 30 anos atrás, graças ao esforço de gênios do setor, como o professor Luiz Carlos Merege ou Marcos Kisil, entre outros, que tiveram grande contribuição para o debate público sobre o Terceiro Setor, a filantropia e a captação de recursos.
Mas, se falamos pouco sobre o Terceiro Setor, falamos menos ainda sobre a captação de recursos, um tema que ainda chega a ser tabu em boa parte das organizações. Ao longo dos anos, venho discutindo e ouvindo muitos especialistas e amigos para compreender o que é a captação no Terceiro Setor. E, ao estudar mais sobre esse tema, chego à concepção da ideia de que, além de cumprir sua missão, uma organização nasce também para captar, para mobilizar recursos. Mas, como assim? Ela nasce para captar? Se perguntarmos para que existe uma organização, muitos provavelmente vão dizer, e acertadamente, que uma ONG nasce para promover uma mudança social, para fazer o que o governo não faz direito etc.
Para além disso, quero trazer alguns elementos para completar e enriquecer essas razões: imagine que somos amigos e que descobrimos que temos uma paixão em comum, andar de bicicleta e pedalar por aí, e que gostaríamos que muito mais pessoas andassem de bicicleta em nossa cidade. Agora imagine que nós vivemos em uma cidade em que os motoristas são agressivos com os ciclistas, não respeitam quem está sobre uma bicicleta etc., daí decidimos que vamos iniciar um movimento para incentivar mais pessoas a andarem de bicicleta e começamos a convidar alguns amigos e algumas amigas para fazer passeios aos fins de semana pela cidade. No primeiro encontro, reunimos 10 pessoas; no segundo, 20; no terceiro, umas 40; e nosso movimento vai crescendo. À medida que ele cresce, sentimos, cada vez mais, a necessidade de falar sobre o tema e montamos um projeto de conscientização nas empresas para falar sobre direção respeitosa para com os ciclistas. A cada evento ou convite, um dos nossos voluntários iria palestrar e nossos passeios começaram a crescer. Aí resolvemos fazer uma vaquinha para distribuir lanches e água, e dar umas lembranças aos participantes, uma camiseta para se identificarem como parte do movimento. E, então, nosso projeto cresce a ponto de termos mais de mil participantes todos os fins de semana, fora os mais de 20 mil inscritos em nossos canais e redes sociais querendo ver nossas ações.
Pois um belo dia, um dos participantes, dono de uma grande empresa da nossa cidade, nos convida para uma reunião e se diz interessado em patrocinar nosso evento, e que teria R$ 50 mil para os nossos projetos. Daí é que a coisa começa a ficar séria, e percebemos que não podemos receber esse dinheiro nas nossas contas pessoais. E aí? O que fazer? Não nos resta alternativa a não ser fundar uma organização para que possamos profissionalizar nosso trabalho, que até então fazíamos de forma amadora e entre amigos. Nossa causa começa a ganhar relevância na sociedade e nosso movimento começa a ter condições de crescer de forma mais organizada, tendo, além dos voluntários, profissionais que poderão se dedicar ao projeto de forma integral e contratados. Fundada nossa associação, podemos então receber recursos e geri-los para que possamos prestar contas e ser transparentes quanto ao uso dos recursos, algo que seria difícil de fazer anteriormente, quando apenas éramos um movimento.
Percebam que a todo momento estamos falando de mobilização, de pessoas, de uma vaquinha para comprar frutas e água para os participantes, de empresas para falar sobre nossa causa e, claro, da captação de recursos financeiros, que vai permitir à organização se profissionalizar. Por isso, venho desenvolvendo uma tese de que, entre outras coisas, como cumprir sua missão, a mobilização é tão importante quanto sua causa, porque uma organização que não mobiliza pessoas e não busca doadores perde a essência de sua natureza. E quanto mais uma organização mobiliza, em especial doadores pessoas físicas, que permitirão à organização ter sua independência financeira e fazer investimentos estratégicos, maior será a sua contribuição para a sociedade. Por isso, investir em captação de recursos é vital para uma organização sem fins lucrativos, pensar essa área não é apenas uma necessidade de manter seus projetos, mas é cumprir sua missão em si. Primeiro porque terá recursos para viabilizar seus projetos, não existe empresa sem uma área comercial, assim como não deveria existir Terceiro Setor sem área de captação de recursos. Segundo porque, ao mobilizar doadores, a organização está levando sua causa adiante, espalhando ideias. Quem doa para uma organização está depositando nela sua crença e dando poderes a sua organização para “representá-la”, para promover as mudanças que ela sozinha não consegue fazer ou que prefere fazer de forma compartilhada.
A captação de recursos precisa ser posicionada em um patamar de importância na organização tanto quanto os projetos que ela desenvolve. As lideranças devem dedicar um tempo considerável para essa área, as estratégias, e para a equipe (quando houver). É preciso buscar os melhores benchmarkings, usar ferramentas apropriadas para o Terceiro Setor e buscar alta performance sempre com base em dados e vivência.
Toda vez que ouço um líder de uma organização me dizendo que não gosta de captar, que não sabe fazer isso, que acha isso uma tarefa para poucos, fico pensando que futuro terá essa organização, será que ela vai mesmo conseguir cumprir com sua missão? Será que ela entende, de fato, o que é uma organização sem fins lucrativos? E será que ela entende que mobilizar recursos é o que vai tornar sua organização sustentável? Se ele ou ela não compreender a dimensão dessa área na organização é porque ou a organização tem muito dinheiro já ou está com seus dias contatos.
Por isto uma instituição nasce: para captar. Portanto, todos na organização deveriam fazer isso de alguma forma, para fortalecer seu projeto, sua causa e o Terceiro Setor como um todo.
Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?
Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:
(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)
(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)
(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)
(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)
(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)
(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)
Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:
Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil: