Há algum tempo tenho acompanhado o aumento considerável no número de organizações não governamentais, ao redor do mundo, que procuram ampliar o leque de opções na busca por recursos financeiros. Aí me pergunto: o que levaria uma instituição a sair da sua zona de conforto e mergulhar no desconhecido? Problemas relacionados à vulnerabilidade e às incertezas econômicas de onde ela se encontra? A burocracia enfrentada nos órgãos públicos? Pouco engajamento por parte do empresariado nas causas sociais (principalmente na esfera das pequenas e médias entidades)? A ausência da cultura da doação individual? Percebi que esses são alguns dos obstáculos enfrentados por grande parte desses atores sociais. Daí, o olhar para fora da sua área geográfica. E claro que, quando falamos em recursos estrangeiros, os Estados Unidos são sem sombra de dúvida o alvo máximo nessa caçada por aportes. Entretanto, é importante se informar acerca desse gigante das doações antes de se aventurar por aí sem ter ferramentas nas mãos.
No ano de 2020 tivemos a pandemia do coronavírus que estremeceu o mundo. As instituições ao redor do globo temiam uma redução ou até mesmo o corte de recursos destinados a programas sociais em seus continentes. Nos Estados Unidos, em alguns estados, houve um redirecionamento das doações a áreas que necessitavam de maior atenção, o que afetou diretamente os aportes destinados a programas internacionais, salvo em catástrofes declaradas. No entanto, os dados subiram. Observem que os americanos doaram $ 471.44 bilhões, 5.1% a mais que em 2019.
Percebe-se que até nos Estados Unidos as doações vindas diretamente do setor corporativo declinaram em áreas como cultura, saúde e meio ambiente. Mas vale lembrar que existem as Fundações Corporativas e Privadas que, na sua maioria, são mantidas pelas próprias corporações que as fundaram. No big deal até aí! Outro fator a ser levado em consideração quanto à oferta de recursos são os grants, recurso disponibilizado pelo governo norte-aemricao e por algumas fundações e que são destinados a projetos nos Estados Unidos, primeiramente. Raramente abrem editais fora do território, mas, quando estão disponíveis, geralmente o órgão representativo do governo americano em país estrangeiro é encarregado pela divulgação e recebimento dos documentos.
É sabido que os Estados Unidos sozinhos doam mais do que vários países juntos. Possuem um formato diversificado de doação de recursos que, na maioria das vezes, é de fácil aplicação e submissão dos projetos. A busca por doadores pode ser feita ao longo do ano, enquanto em outras partes do mundo, como a Europa, o que predomina são os editais que acontecem em alguns períodos específicos ou que são sazonais, diga-se assim. Existem recursos para as mais variadas temáticas. No entanto, é preciso “aprender” a usar palavras-chaves na hora da pesquisa e assim evitar desperdício de tempo e mesmo financeiro e de pessoal na busca pela melhor ou melhores oportunidades.
Eu, Karina, não canso de mencionar durante os meus cursos que tão importante quanto sabermos que existe “dinheiro” disponível o ano todo para ser doado pelas instituições norte-americanas é saber que temos que, antes de mais nada, pesquisar e muito. A pesquisa é e será sempre a maior aliada na hora de filtrarmos os órgãos internacionais e também abrirmos a nossa mente para conhecer a cultura daquele que pode ser o nosso mantenedor temporário ou de longo prazo. Lembrem que cada estado norte-americano é administrado conforme suas leis locais.
Em outras palavras, se há leis diferentes, haverá também requerimentos diferentes. Escrever um projeto não é a parte mais complicada quando se conhece detalhadamente o que a sua organização faz em prol da comunidade. O “Q” da questão é como conversar, se aproximar de algo e alguém que não faz parte do seu hábitat. Por exemplo, os envolvidos no suporte financeiro educacional — professor, conferencista, palestrante que busca recursos para seus cursos — têm suas diferenças dos aportes direcionados a colocar projetos em prática ou mesmo manter os já em funcionamento. Demandas diferentes, abordagem de aporte também diferente.
Boa sorte nas suas pesquisas e descobertas!
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