Cafu

Por: Elaine Iorio
01 Janeiro 2005 - 00h00

Ídolo no Brasil e no exterior, dois títulos mundiais e uma carreira de sucesso. Apesar do currículo, Cafu mantém ambições para além dos campos. O prestígio profissional não o fez esquecer dos momentos difíceis que enfrentou quando ainda era morador do Jardim Irene. Situado no Capão Redondo, um dos distritos mais violentos e carentes de São Paulo, o bairro reflete todos os problemas de uma grande cidade: falta de segurança, habitação, educação e, principalmente, de oportunidades.

A fim de minimizar esse ambiente de carências e levar esperança à comunidade da região, o capitão da seleção brasileira criou em 2001 a Fundação Cafu, entidade sem fi ns lucrativos e que atende diariamente 340 meninos e meninas, além de 100 adultos. O objetivo é incentivar o desenvolvimento físico, psíquico, emocional e social de crianças e adolescentes originários de famílias carentes com programas nas áreas de esporte, educação, saúde, cultura e formação profissional.

Em entrevista à Revista Filantropia, Cafu fala mais sobre a fundação, que teve a sede permanente inaugurada em abril do ano passado.

Revista Filantropia: Quando e como você começou a se engajar no Terceiro Setor?

Cafu: Eu participo de campanhas sociais e ajudo algumas entidades há mais 12 anos, mas esse trabalho sempre foi discreto. Depois de conversar muito com minha família, decidi criar a fundação, que começou a ser idealizada sete anos atrás. Porém, naquele período nós não tínhamos patrocínio e profissionais qualificados. Somente há pouco mais de dois anos é que conseguimos tirar a idéia do papel e viabilizar a criação da fundação.

Filantropia: Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela fundação no início?

Cafu: Além da demora para a implementação do projeto – liberação do terreno, aprovação da planta, alvará de funcionamento etc. –, a maior dificuldade enfrentada, desde o princípio, foi a falta de verba. Eu sinto que as pessoas têm muita desconfiança, temem em investir em um projeto social. Ainda hoje, temos muitas dificuldades por causa da falta de patrocínio.

Filantropia: Que metas a fundação já alcançou e o que ainda falta se realizar?

Cafu: O ano de 2004 foi maravilhoso para a fundação. Fizemos várias campanhas, melhoramos os programas de educação com cursos de inglês, informática e cabeleireiro, levamos as crianças ao teatro, cinema, hotel fazenda etc. Ou seja, para uma entidade com menos de um ano, conseguimos alcançar muitas metas. Pretendemos realizar muitas coisas ainda, como a construção de uma sala de música, mas, para 2005, nosso principal objetivo é conquistar novos patrocinadores e ampliar a verba de investimento.

Filantropia: Para você, quais são os melhores caminhos para diminuir a violência no país?

Cafu: Essa pergunta é muito complicada, mas acredito que são principalmente três fatores: em primeiro lugar, é preciso eliminar as armas de fogo das ruas; em segundo, eliminar as drogas, e, em terceiro, conscientizar as pessoas de que o melhor caminho é o da escola e da Igreja.

Filantropia: Você considera importante a participação de pessoas conhecidas em projetos sociais?

Cafu: Pessoas públicas, com condições para isso, têm a obrigação de fazer parte de campanhas sociais. Elas chamam atenção e, assim, divulgam a causa social. Atores, músicos, políticos, enfim, todos os famosos têm influência muito grande sobre a população. Se eles fizerem o bem, com certeza muita gente vai seguir o exemplo.

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