Reunindo ideias de negócios e desenvolvimento da sociedade
Atualmente, as questões sociais estão tendo relevância cada vez maior no Brasil. As manifestações em 2013, em prol da saúde, educação, transporte e mobilidade, moradia, entre outros, acabaram se chocando com a realidade do padrão FIFA de qualidade da Copa do Mundo de 2014. Muitos achavam que não era possível realizar um evento deste porte envolvendo tantos recursos e cidades do país. A ideia aqui não é discutir este confronto, mas sim a grande mobilização e a visibilidade dos temas sociais do nosso país, seja de forma pejorativa ou construtiva.
A resolução desses temas está criando novas oportunidades de negócios e carreiras para aqueles empreendedores que querem realizar algo inovador, algo que tenha a ver com os seus valores pessoais. Um desses caminhos é desenvolver empresas ou organizações que façam negócios com impacto social.
Este tipo de negócio, somado com o tema das finanças sociais, foi debatido durante o primeiro Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado na cidade de São Paulo. Com o principal objetivo de fortalecer o ecossistema dessas atividades no Brasil, o evento trouxe muitos exemplos, casos de sucesso e pensadores sobre o tema.
É um movimento que está em constante crescimento, e já existem muitos empreendedores atuando neste estilo de vida, uma mescla de técnicas de negócios com melhorias sociais e valores pessoais.
Segundo Janelle Kerlin, professora da Universidade do Estado da Geórgia, o conceito de negócio com impacto social inclui qualquer atividade empresarial que tenha impacto social dentro de sua ação de negócios. Eles podem assumir diferentes formas jurídicas: corporações, empresas limitadas e organizações sem fins lucrativos.
A ideia é diferente do conceito de negócios sociais do Nobel da Paz Muhammad Yunus, que considera que existem dois tipos de empresas sociais:
Mais do que conceitos e terminologias, esta nova forma de lidar com a gestão e o empreendedorismo pensando em resolver problemas do mundo é a grande mudança e o que gera nos líderes, gestores e empreendedores a oportunidade de realizar algo com as competências técnicas aprendidas na Academia, juntamente com a sua crença e valores pessoais.
Um ótimo exemplo é a marca de tênis Vert que, além de bonitos e confortáveis, são desenvolvidos em Paris e fabricados no Brasil, como diz na própria etiqueta. A sua preocupação com o meio ambiente em termos de fabricação, material, ponto de venda e a aposta no comércio justo já renderam um faturamento de mais de R$ 18 milhões por ano. A empresa criada por dois franceses, e lançada na Europa em 2004, possui uma fábrica em Novo Hamburgo (RS). Apesar de vários anos no mercado, só passou a ser vendido no Brasil em outubro de 2013. Os tênis têm como base o algodão orgânico do semiárido nordestino e a borracha da região amazônica do Acre. A compra é feita diretamente com os produtores, fazendo com que estes recebam até 65% acima do valor de mercado por não ter intermediários. Este é um dos exemplos dos processos sustentáveis na empresa e que ajudam os problemas sociais ao realizar o desenvolvimento territorial real, diretamente com a sua população. Atualmente, a empresa já possui um portfólio de 42 calçados e a produção anual em 100 mil pares no ano de 2013. Isso é aliar negócios com questões sociais e ambientais.
Para reforçar ainda mais esta tendência, temos ações de grandes empresas, como a Unilever, que fez recentemente uma chamada para o Prêmio Unilever de Sustentabilidade, voltado para Jovens Empreendedores, para incentivar jovens a buscar soluções inovadoras por meio de produtos, serviços ou aplicações sustentáveis e com potencial para ganhar escala, que tenham o objetivo de reduzir impactos ambientais, melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas ou melhorar suas condições de vida e trabalho, considerando a de mudanças em seus hábitos ou práticas.
É isso aí, vamos reunir cada vez mais empreendedorismo, negócios e impacto social. E você, qual problema do mundo vai ajudar a resolver?