Está em curso um movimento descoordenado de reinvenção do capitalismo. Dizemos descoordenado porque são múltiplos os movimentos que se iniciam por distintas razões, mas com o propósito comum de colocar em xeque o velho e tradicional capitalismo.
Capitalismo Consciente, Economia Circular, Sistema B, Negócios com Impacto Social, Shared Value Iniciative, Economia Verde, Economias de Baixo Carbono, Negócios Inclusivos e Setor 2.5 são alguns dos conceitos que despontaram nos últimos anos para repensar o regime capitalista vigente.
Algo que se destaca em todos esses movimentos é a importância de deixar claro que o futuro dos negócios está fundamentado em uma necessária mudança de mentalidade, focada no modo como nos relacionamos com a sociedade e o meio ambiente. Entender, mapear e considerar os impactos socioambientais positivos e negativos da atividade econômica não são mais vistos como diferencial, mas como condição indispensável ao sucesso do negócio.
A atual e frequente tensão entre sociedade e empresas e as respostas com ações de mitigação que estas costumam adotar diante de ameaças à reputação dos negócios ajudaram a criar a percepção de que as organizações empresariais são, em grande parte, responsáveis pelas mazelas socioambientais do planeta. Esse é um lado da moeda. O outro é que elas são também responsáveis pelos enormes avanços no desenvolvimento de produtos e de serviços que garantem o bem-estar de bilhões de pessoas.
A pergunta que constantemente nos fazemos é: será que entrar em uma relação combativa com esses gigantes econômicos acelerará o processo de revisão do capitalismo ou gerará uma reação de fechamento e defesa?
O próximo passo proposto pela estratégia de criação de valor compartilhado é olhar para as demandas socioambientais como oportunidade de negócios, e não como problemas e custos; é buscar meios de conectar as empresas a essas demandas e, se oportuno, ao setor público.
As oportunidades apresentam-se nas áreas de desenvolvimento de produtos e mercados, na cadeia de valor e no fomento a polos com vocações comerciais e/ou produtivas específicas. Mudanças nessas áreas são estratégicas e, portanto, de longo prazo; estão diretamente ligadas ao negócio e, por isso, não devem ser confundidas com responsabilidade social ou filantropia.
Tudo isso, no entanto, demanda conhecimento sobre indicadores socioambientais que nem sempre estão disponíveis dentro das empresas. Assim, é fundamental engajar organizações da sociedade civil para, em parceria com as empresas, endereçar essas questões.
Nos estudos de casos da plataforma Shared Value Iniciative, é possível ver claramente que problemas socioambientais muito relevantes foram solucionados em grande escala quando a sociedade civil se apresentou para agir junto às organizações empresariais na criação de valor compartilhado.
As empresas são constituídas por pessoas que, em sua maioria, acordam todos os dias pela manhã e buscam, assim como os profissionais do setor social, deixar o mundo melhor para os seus filhos.
A criação de valor compartilhado tem o potencial da convergência de interesses e da construção colaborativa de projetos nos quais o setor social, expert em ler e conhecer as demandas socioambientais do nosso tempo, colabora ativamente para colocar os ativos empresariais a serviço de solucionar problemas sociais.
Durante o Shared Value Leadership Summit 2016, tivemos a oportunidade de aprender um pouco mais com os professores Michel E. Porter e Mark R. Kramer. A seguir, apresentamos três casos representativos.
As fazendas de celulose da Fibria eram frequentemente invadidas por apicultores clandestinos, que usavam fogo para afastar as abelhas durante a coleta do mel. A alternativa do velho capitalismo seria ampliar o patrulhamento, gerando gastos e uma relação de tensão entre empresa e sociedade. Já a alternativa de criação de valor compartilhado foi investir na formalização, capacitação e associação dos apicultores, autorizar as entradas e coordenar o trabalho, reduzindo o risco de incêndios.
Resultado: hoje, a associação dos apicultores, que atua na área compartilhada da Fibria, é responsável por uma parcela significativa da produção de mel do Estado de São Paulo. Além disso, conquistou segurança no trabalho e um substancial aumento na renda desses profissionais. A Fibria, por sua vez, ganhou fortes aliados na preservação e na segurança de suas áreas produtivas.
A ONG PATH é uma organização social global que combate a fome oculta (quando o cardápio é carente dos micronutrientes, como vitaminas e minerais) em países pobres e em desenvolvimento. Com acesso a uma tecnologia de fortificação do arroz, viu na empresa brasileira Urbano a parceria perfeita para um projeto de criação de valor compartilhado. A organização garantiu acesso à nova tecnologia, com o compromisso de não exclusividade, e a empresa criou uma nova linha de produto, o Arroz Urbano Vitaminado, que foi adotado em escolas públicas de Vespasiano, no Estado de Minas Gerais.
Em 2014, a escola de inglês CNA estava em busca de meios que permitissem a seus alunos praticar a língua inglesa com nativos. A escola identificou em uma casa de repouso para idosos de Chicago, nos Estados Unidos, a combinação perfeita de, com o uso da tecnologia de comunicação à distância com vídeo, atender a essa necessidade pedagógica e também a uma demanda social, a dificuldade que, em geral, os moradores de casas de repouso possuem em encontrar quem os escute longamente e converse atentamente com eles.
Links: http://www.cna.com.br/speakingexchange | http://www.fibria.com | http://www.urbano.com.br | http://www.sharedvalue.org
Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?
Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:
(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)
(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)
(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)
(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)
(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)
(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)
Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:
Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil: