Existem diversas formas de atuação para um trabalho voluntário. Ele pode ser individual, coletivo, presencial, a distância, prestado para uma organização social ou pessoa física etc. Todo trabalho voluntário possui seu mérito e sua importância e é muito bem-vindo, qualquer que seja seu contexto. Mas neste artigo gostaria de compartilhar algumas ideias de ações criativas, que fogem um pouco ao que estamos acostumados a ver e mostram que existem diversas possibilidades para quem tem vontade de fazer o bem, em todas as suas formas.
Destaco aqui cinco maneiras para ajudar a começar a pensar o processo criativo de uma ação e a sair "da caixa":
Uma das qualidades que mais me fascinam no voluntariado é que ele transforma tanto quem recebe, quanto quem doa, proporcionando crescimento mútuo. O voluntariado é uma troca e, por isso, é a situação ideal para invertermos a lógica e quebrarmos a hierarquia: podemos ensinar e aprender ao mesmo tempo, seja com crianças, jovens, adultos, idosos e até mesmo animais.
Um projeto que aposta nesta ideia é o Speaking Exchange1, criado pela escola de idiomas CNA. O projeto conecta adolescentes que estudam na instituição com idosos que vivem em casas de repouso nos Estados Unidos. Ou seja, os idosos da casa de repouso, que em uma ação normal seriam visitados por pessoas dispostas a levar um pouco de alegria, incorporam a posição de voluntários e ajudam adolescentes a aprender inglês.
Outra qualidade muito bacana do voluntariado é que ele constrói pontes, nos conecta a causas, pessoas e projetos que nunca pensamos em conhecer. Por mais antagonistas que pareçam, muitas ações de voluntariado podem se complementar e ganhar força quando unidas. É isso que acontece quando unimos ações de saúde com animais.
A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma técnica cientificamente comprovada, na qual um animal especialmente treinado é parte integrante do processo de tratamento de uma pessoa. Trata-se de um método alternativo de ajuda terapêutica em diversas patologias.
O número de animais terapeutas cresce a cada dia, assim como o número de profissionais e instituições que acreditam nessa técnica, provando mais uma vez que nossas diferenças podem, sim, nos deixar mais fortes.
Muitas vezes somos limitados por alguns paradigmas e preconceitos da sociedade na hora de escolhermos o público com o qual atuar. O voluntariado, porém, é o melhor caminho para quebrarmos esses tabus e ajudarmos a quem precisa, independentemente de raça, gênero, crença etc.
Você, por exemplo, já pensou em atuar na reinserção de um detento na sociedade? Pois a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), criada em 2001 pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG), acredita nessa causa e procura oferecer aos presidiários um ambiente propício para sua reinserção na comunidade, como apoio psicológico e auxílio para voltar ao mercado de trabalho. Nas unidades prisionais assistidas pela APAC, a reincidência entre os egressos é de apenas 15%, enquanto no sistema comum esse número é de 70%, ou seja, esse tipo de assistência faz toda a diferença.
Somos todos responsáveis por melhorar o ambiente em que vivemos, não é mesmo? Então, por que não utilizar a força voluntária para cuidar, revitalizar e preservar nossos espaços públicos?
Muitas ações podem ser planejadas e organizadas junto ao Poder Público, somando esforços em uma construção coletiva, assim como, de forma independente, podemos arregaçar as mangas e ajudar na limpeza e manutenção do patrimônio que é de todos.
Diversas ONGs já atuam no fomento à discussão do planejamento urbano e você também pode se unir a uma delas para ajudar nessa causa. Mas, caso queira atuar de forma independente, que tal organizar um mutirão de limpeza, por exemplo? Ações como esta são muito bem-vindas para toda comunidade.
Fique atento: alguns locais podem precisar de autorização para receberem qualquer tipo de manutenção, portanto, busque sempre informações com a subprefeitura local ou administração regional do bairro. |
Ações tradicionais também podem ganhar uma abordagem diferente. Se o programa de voluntariado da sua empresa possui uma causa ou um público fixo de atuação, que tal trabalhar com ele de uma maneira mais criativa ou inusitada?
• Moradores de rua precisam de comida e roupa, mas também de cultura e arte. Considere levá-los a uma sessão de cinema ou, então, ensinar a tocar algum instrumento musical.
• Animais em abrigos precisam de ração e medicamentos, mas também de roupinhas para se aquecerem no inverno e de passeios ao ar livre para se exercitarem.
• Crianças adoram brinquedos, mas que tal trabalhar empreendedorismo com elas? Noções de educação financeira também é um excelente tema para se trabalhar com os pequenos.
Espero que estas sugestões tenham lhe inspirado a começar a pensar o voluntariado de modo diferente, pois, como pudemos ver, não faltam oportunidades para fazermos o bem!