Século 21, sociedade capitalista e ocidental, porém, globalizada, conectada pela internet. Talvez esta fosse a definição mais fria e sucinta para descrever quem somos, mas gosto de pensar que somos infinitamente mais do que isso. Somos inventores de nossos próprios dias, da nossa própria era, o Davi que esculpimos somos nós mesmos. E, apesar de conectados, compartilhados e, de certa forma, acessíveis em todos os momentos, ainda somos indivíduos e pensamos por conta própria. Cada um escolhe votar em uma bandeira de partido político ou nas ideias de um agente político, acreditar em um Deus ou em uma religião, ouvir heavy metal ou samba de raiz.
Muitos são os fatores que permitem que as pessoas deixem de ser apenas membros de grupos e assumam suas personalidades próprias. Influências como familiares, amigos e relacionamentos amorosos lideram o ranking. Mas, ainda assim, sugiro aceitar o fato de que a internet é uma das principais responsáveis pela formação de opinião na atualidade – mesmo sendo um meio de comunicação não presencial. Isso porque ela está disponível a qualquer momento, praticamente em qualquer lugar. Se há dez anos a televisão dominava a comunicação no Brasil, valendo-se do modelo tradicional que taxava o período das 18h às 00h como “horário nobre”, por se tratar do horário em que a maioria dos trabalhadores e estudantes já tinha chegado em casa, a internet hoje é o horário nobre a todo momento.
Em qualquer lugar ou situação você pode acessar a internet para procurar qualquer informação. Contudo, isso não é o mais intrigante, e sim a velocidade com a qual a informação circula no universo on-line. Graças às ferramentas de web design que permitem a publicação em segundos, a internet revolucionou a forma como todos nós trabalhamos – não importa a área de atuação. O jornalismo on-line cobre reportagens em tempo quase real, enquanto no telejornal há um atraso de minutos, ou até horas, e no jornal impresso pode levar um dia ou mais. Além de economizar tempo (e dinheiro), a informação digital tem ainda a vantagem de poder ser atualizada a qualquer momento.
Sabendo disso, cada vez mais usamos a internet na nossa insaciável busca por conhecimento. Evidentemente, assim como nos jornais, revistas e emissoras de rádio e de televisão, na internet é preciso ter cuidado e saber selecionar o tipo de conteúdo entre os bons e os ruins. Sendo assim, não se deve considerar a internet como uma vilã dos outros meios de comunicação; muito pelo contrário, ela deve ser mais bem explorada e aproveitada por cada um deles. Para nós, consumidores de informação, fica a atenção e o vigor ao prezar pela nossa integridade ao aceitar uma opinião. Para nós, formadores de opinião, fica a atenção à ética e à responsabilidade ao publicar toda e qualquer informação.
Se Graham Bell estivesse vivo, já teria se matado. O suposto inventor do telefone deveria ter se orgulhado ao ver seu investimento ser usado pelo mundo inteiro. Mas duvido que ele se acostumasse com a ideia de que pessoas têm telefones em suas mãos o tempo todo, e não conversam por voz.
Falamos cada vez menos. Lemos cada vez mais, porém, em menor qualidade. Abreviamos tudo, usamos gírias e emoticons, digitamos em mensagens o que queremos dizer o tempo todo. Veja que interessante: somos até capazes de imaginar como a outra pessoa falaria ao ler suas palavras, sua entonação e até seu jeito de se comportar. Identificamos como “grito” a caixa alta, e “ternura” ao escrever as palavras completas. Mas até onde sei, um telefone celular tem como objetivo primordial fazer e receber ligações.
A ligação por celular é um recurso pouco utilizado desde quase sempre. Isso porque no início da popularização dos aparelhos as empresas ainda precisavam de recursos para se estabilizar e, por isso, as tarifas eram altas. Depois disso, ao menos em países como o Brasil, as empresas começaram a cobrar mais entre ligações entre uma operadora e outra (assim como fazem os bancos, ao cobrar tarifas em caso de transferências de valores) e menos para ligações entre números da mesma operadora. Hoje em dia, graças às medidas adotadas pela Anatel, estas tarifas estão bem menores e já é possível creditar seu celular sabendo que irá aproveitá-lo por completo.
Mesmo assim, a grande maioria das pessoas prefere não se arriscar. São pobres clientes traumatizados culturalmente por se privarem do principal uso dos seus celulares. As mensagens por texto (SMS e MMS) já eram conhecidas e usadas até que a era dos smartphones revolucionou a forma como nos comunicamos. Há aplicativos para as mais diversas finalidades: acessar sites da internet, dicionário, banco, e-mail, notas e faltas, calculadora científica, impostômetro, redes sociais, jogos, organizador de tarefas, comunicador instantâneo. Isso só para citar meio por cento.
O líder dos aplicativos mais usados para se comunicar é o WhatsApp, seguido pelo Messenger – ambos de propriedade da Facebook Inc. Privacidade e segurança não são o ponto forte destas aplicações, segundo a organização sem fins lucrativos Electronic Frontier Foundation – EFF – (Fundação Fronteira Eletrônica), que relatou uma lista de vulnerabilidades em 2014. Apesar disso, a popularidade do aplicativo o faz ser preferido. A empresa estudou a implantação oficial do recurso de ligação no aplicativo, mas já está em fase de testes para Android.
Outros aplicativos tentaram implementar a função de ligação sem custo de um celular para outro (por meio da aplicação devidamente instalada em ambos os aparelhos, a custo da linha de internet usual), como o Viber, mas sem grande sucesso. Parece que mesmo ‘sem gastar’, fazer uma ligação ‘custa’.