O número de entidades que atuam no Terceiro Setor não para de crescer no Brasil e hoje conta com mais de 300 mil organizações cadastradas pelo governo federal. Entretanto, apenas algumas centenas de organizações, fundações ou ONGs conseguem se manter atuantes e financeiramente sustentáveis. Essas entidades enfrentam uma série de dificuldades para se manter de modo eficiente e sustentável. Além da necessidade de apoio de forças políticas e econômicas, também há muitos empecilhos na comunicação e na gestão da organização, que fica, muitas vezes, presa a procedimentos administrativos ultrapassados e limitados.
Uma forma de modernizar a gestão e tornar as entidades mais conectadas à realidade da atual sociedade é apostar no investimento e no planejamento de recursos tecnológicos que, aplicados no dia a dia, podem melhorar o desempenho e ampliar a atuação das organizações. Também é possível afirmar que o uso de novas tecnologias é uma maneira eficaz de as entidades do Terceiro Setor apresentarem seus resultados financeiros e seus trabalhos para a comunidade, de modo que essa visibilidade garanta mais competitividade em concorrências para financiamentos junto aos órgãos governamentais ou às organizações privadas. Assim, o uso da tecnologia influencia tanto no impacto externo da rede quanto na sustentabilidade e nas condições para se manter a eficiência interna, com procedimentos e equipes bem alinhadas e organizadas.
Os investimentos em Tecnologia da Informação (TI) devem ser feitos de acordo com a necessidade de cada entidade, com as tecnologias aplicáveis à sua área de atuação. São muitas as opções para o aprimoramento da organização: sites, blogs, aplicativos para smartphones, divulgação em mídias digitais, bem como o armazenamento em nuvem e todo o investimento necessário na parte estrutural, como compra de novos computadores, redes bem estruturadas, banco de dados, software de gestão e ferramentas de comunicação.
Para algumas pessoas, as ONGs não precisam estar presentes em mídias sociais, uma vez que estas não vendem produtos ou serviços. Contudo, esse é um pensamento totalmente equivocado, pois há uma causa a ser divulgada e, para atingir seu objetivo, ela deve ser compartilhada com o maior número possível de pessoas.
É interessante notar o engajamento dos próprios doadores nas redes sociais, para os quais já virou um hábito recorrente compartilhar seus donativos em plataformas como o Facebook, por exemplo. Para ganhar mais força, a divulgação deve ser anunciada no lugar certo e com a linguagem adequada. Organizações filantrópicas precisam construir boas redes para obter sucesso, um dos melhores caminhos são as redes sociais. No entanto, elas não atrairão, por exemplo, jovens voluntários se utilizarem uma linguagem muito rebuscada e formal em suas mídias.
Segundo o Relatório Global sobre a Tecnologia nas ONGs, publicado em 2017 pela organização Nonprofit Tech for Good, somente 66% dos participantes disseram que a liderança executiva prioriza a mídia social em suas comunicações e estratégias de arrecadação de fundos on-line. O Facebook lidera como a plataforma preferida, com 92% dos participantes tendo uma página dedicada, seguido pelo Twitter (72%) e pelo YouTube (55%).
A criação do site também é um passo muito importante para aumentar a visibilidade da entidade, além de ser um ótimo recurso para organizar as informações e passar mais credibilidade ao público-alvo da organização. Vale lembrar que o acesso pelos smartphones dobrou nos últimos tempos; assim, é muito importante que o site seja responsivo, ou seja, que ele seja adaptável para variados tamanhos de telas.
Quando se fala em computação nas nuvens, trata-se da possibilidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas por meio da internet sem a necessidade de instalar aplicativos em seu computador, uma vez que os dados encontram-se disponíveis em uma rede remota. Uma vez conectado ao serviço on-line, é possível utilizar suas ferramentas e salvar todo o trabalho feito para acessá-lo posteriormente de qualquer lugar. Alguns exemplos de aplicativos que funcionam com base nessa tecnologia são o Dropbox, o Google Drive e o One Drive (Microsoft).
As organizações sem fins lucrativos estão sendo "convidadas" para ingressar na nuvem e algumas até já adotaram essa nova tecnologia em seu dia a dia, no entanto, a maioria ainda não reconhece – ou, de fato, não conhece – o verdadeiro potencial e a praticidade que a nuvem oferece. Gerenciadores de e-mail são os softwares em nuvem mais utilizados no mundo, mas quantas outras ferramentas oferecidas gratuitamente ou com preços acessíveis não são utilizadas? Isso é mais uma prova de que falta conhecimento para a utilização de ferramentas que podem otimizar e fazer grande diferença nos trabalhos das organizações de Terceiro Setor.
Em relação ao desenvolvimento estrutural, é muito importante a disponibilidade de novos computadores e o desenvolvimento e a implantação de softwares que atendam às necessidades relacionadas à área de atuação de cada organização, permitindo integração entre os diversos setores e o consequente ganho de eficiência.
Em um mundo ideal, cada organização no Terceiro Setor deveria desenvolver um núcleo de tecnologia capaz de atender à crescente demanda e estabelecer um trabalho contínuo de manutenção das plataformas tecnológicas. Porém, sabemos que muitas organizações não possuem recursos sufi cientes ou profissionais qualificados para essa tarefa. Muitas vezes, essas entidades contam com o auxílio de voluntários para trabalhar na área de TI.