O universo tecnológico integra cada vez mais o dia a dia do Terceiro Setor não somente no Brasil, como em todos os países. Cookies, spam, widgets, hashtag, wi-fi e tantos outros termos deixaram de ser conhecidos apenas pelos profissionais de Tecnologia da Informação (TI) e tornaram-se populares entre os usuários das inúmeras facilidades existentes no mundo virtual.
Foi assim que, na última década, a expressão cloud computing (computação em nuvem) veio ganhando força e conquistando adeptos. Tanto é que muito do que se consome atualmente na internet — redes sociais, armazenamento de fotos e demais arquivos, streaming de vídeo e música — tem origem em aplicativos e serviços baseados na nuvem. "Até mesmo nós, como usuários domésticos, já fazemos uso de serviços baseados na nuvem, como Facebook, Twitter e Spotify. Estamos em um caminho em que a computação em nuvem absorverá quase todos os tipos de serviços utilizados no mundo corporativo", comenta Vitor Matias, diretor da VM Tecnologia e consultor de TI do Instituto Oncoguia, com sede em São Paulo.
No artigo Panorama sobre o uso da tecnologia da informação nas organizações sem fins lucrativos, inserido na pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2014, feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, Valter Cegal, engenheiro eletrônico que atua no Terceiro Setor desde 2005, afirma que a computação em nuvem é basicamente uma rede remota, mas acessível, muitas vezes consistindo em uma infraestrutura de hardware subjacente, software e suporte técnico entregues por meio da internet. Traduzindo: é um serviço de computação que prevê o armazenamento de dados e também a utilização de softwares a partir de uma nuvem, ou seja, uma central tecnológica localizada a quilômetros de distância do usuário, seja ele uma pessoa física, uma empresa ou mesmo uma entidade social. Assim, quem quer acessar tais serviços precisa apenas cadastrar-se em uma das diversas plataformas disponíveis – há opções pagas e gratuitas –, ter um navegador e um dispositivo com boa conexão à internet.
A computação em nuvem vem mudando a maneira como as ONGs têm se relacionado com o meio virtual.
Dados de estudo feito pela TechSoup Global, agência de assistência tecnológica sem fins lucrativos dos Estados Unidos, em 2012, junto a 10.500 entidades sociais de 88 países, mostram que 90% dos participantes usam algum tipo de tecnologia em nuvem, desde serviços como e-mails e redes sociais até base de dados e conferência via web. E, ainda, 53% dos entrevistados planejam mover uma porção significativa de sua infraestrutura para os serviços em nuvem nos próximos anos.
Exemplo de sucesso da adesão a esta tendência tecnológica é a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), de São Paulo, que mantém diversos projetos relacionados ao desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos em todo o País. "Utilizamos o armazenamento na nuvem para informações e arquivos de todos os projetos, apresentações e contratos da Fundação", explica Lia Aversa, coordenadora de TI da entidade. "Também utilizamos o armazenamento na nuvem para backup dos arquivos que ainda estão na nossa rede local e hospedagem de nosso blog institucional", completa.
Utilizando os produtos Microsoft Office 365 e Azure, que estão sendo implantados em processo contínuo desde 2012, a FMCSV garante o envolvimento de toda a equipe e destaca alguns benefícios como a centralização no compartilhamento de arquivos, maior produtividade com a gestão eletrônica de documentos e projetos e maior mobilidade com o acesso de informações a partir de qualquer lugar por meio de qualquer dispositivo com acesso à internet. Contudo, Lia faz uma importante ressalva para que todo o processo tenha êxito: "A adoção de ferramentas e soluções novas nunca é simples. Existem resistências, e o envolvimento da equipe, desde a concepção até o trabalho de divulgação, com a demonstração dos ganhos, e seu treinamento são fatores primordiais".
A ATN – Associação Telecentro de Informação e Negócios, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) criada em 2006, com sede em Brasília (DF), apoia projetos de inclusão digital para o desenvolvimento de pessoas e comunidades. Em parceria com a TechSoup Global, a ATN desenvolve o Programa TechSoup Brasil que, aliado a empresas como Microsoft, Google, Symantec, Autodesk, Adobe, CleverReach, DocuSign e Veritas, procura disponibilizar doações de licenças de software e serviços diversos, inclusive no que se refere à tecnologia de nuvem, a entidades sem fins lucrativos, após processo de cadastramento, solicitação do produto e elegibilidade das mesmas. "Por meio da TechSoup Brasil, mais de 5 mil ONGs já foram beneficiadas com pelo menos um produto e/ou serviço disponível, desde 2009. São ONGs de todo o Brasil, em todos os segmentos", explica Talita Viana Ferreira, gerente de Projetos da ATN e da TechSoup Brasil.
A ONG Gerando Falcões, de Poá (SP), possui programas sociais, culturais e esportivos junto às famílias de crianças e jovens locais. Praticamente 80% de seus arquivos estão hospedados na nuvem da Microsoft e isso tem mudado o dia a dia da entidade, desde a sua implantação há três meses. "Destacamos benefícios em todos os departamentos, como agilidade nos processos, mais organização e incremento do trabalho colaborativo. Na Comunicação, por exemplo, o site da Gerando Falcões foi hospedado no Microsoft Azure, com custo zero", enfatiza Valentina Medrano Coley, diretora de Operações da entidade.
Para Rodolfo Fucher, diretor jurídico e de Filantropia da Microsoft Brasil, as novas tecnologias contribuem positivamente para os projetos desenvolvidos no Terceiro Setor. "Com o recurso da nuvem, queremos tornar mais ONGs capazes de trabalhar a qualquer momento, realizando as suas tarefas e acessando informações a partir de qualquer lugar", explica.
Referência no compartilhamento de informações sobre o câncer e apoio aos pacientes, o Instituto Oncoguia, de São Paulo, liderado por Luciana Holtz, adotou os serviços da nuvem Google Suite, em 2011, quando uma queda de energia, durante uma chuva, indisponibilizou o acesso ao servidor local e comprometeu parte dos arquivos daquele dia. Hoje, cerca de 70% dos arquivos da entidade estão armazenados na nuvem. "Ganhamos agilidade com o uso dessas tecnologias, além de mais possibilidade de trabalho colaborativo e, sem dúvida, mais segurança. Nossos dados são muito importantes e guardá-los adequadamente é nossa responsabilidade", conta Holtz.
Apresentado em vários locais do Brasil, o programa Tecnologia para o Bem, da Microsoft, reuniu em São Paulo dezenas de representantes de ONGs com o objetivo de divulgar e oferecer o acesso às novas tecnologias do mercado
A exemplo do evento que antecedeu o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE), em Foz do Iguaçu/PR, em 4 de abril, a Microsoft reuniu vários representantes de organizações sociais em 9 de junho, em sua sede, no bairro do Brooklin Paulista, em São Paulo.
Com o nome de Tecnologia para o Bem, a iniciativa gratuita conta com o apoio estratégico de parceiros como a ATN – Associação Telecentro de Informação e Negócios; o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e a Rede Filantropia, por exemplo, em eventos pontuais.
Na ocasião, foram apresentadas tendências e soluções tecnológicas que proporcionam maior produtividade e melhor desempenho para as organizações sociais, com destaque para serviços de computação em nuvem e a doações de softwares. "Oferecemos essas tecnologias para todas as ONGs, independentemente de seu tamanho", diz Everaldo Oliveira da Silva, coordenador do Programa Tecnologia para o Bem. "Estamos preocupados com o impacto social desta ação e com o número de pessoas beneficiadas por esta iniciativa", acrescenta.
1. Faça um planejamento: liste quais são as prioridades ou os serviços essenciais para a sua ONG.
2. Decida qual sistema será adotado: são três as opções – softwares (SaaS), plataformas de desenvolvimento (PaaS) ou infraestruturas inteiras de TI (IaaS). Escolha de acordo com a necessidade de sua entidade.
3. Escolha o tipo de nuvem: também há três opções – nuvem pública (totalmente acessada pela internet), nuvem privada (possui os benefícios da computação de nuvem em uma rede privada) e nuvem híbrida.
4. Busque um provedor: eleja o provedor que possui as melhores opções de recursos e funcionalidades, sempre respeitando as necessidades de sua ONG. 5. Faça testes: é importante experimentar e testar os serviços no ambiente da nuvem para ter certeza de que foi escolhida a melhor opção.
A qualquer momento e em qualquer lugar, a partir do uso de aparelhos conectados à internet. E sempre que a entidade social sentir a necessidade de organizar seus arquivos e projetos, armazená-los de forma segura, acessá-los de forma compartilhada e, ainda, precisar de mais espaço para salvar dados.
Os valores variam de acordo com a empresa contratada, a capacidade e as funcionalidades do serviço. No entanto, há empresas como a Google e a Microsoft, por exemplo, que oferecem opções gratuitas às ONGs.
Como Escolher o Melhor Provedor? Analise os preços dos serviços prestados e opte por provedores com mais credibilidade e estabilidade financeira no mercado. • Avalie a infraestrutura do provedor e a localização do Data Center para saber onde fi carão armazenados os seus dados. • Certifique-se de que seu provedor possui backups de seus arquivos em outros Data Centers, como medida de segurança em caso de incidentes. • Verifique quais os mecanismos adotados para a proteção de dados sigilosos como criptografia, sistemas de combate à ameaças virtuais, entre outros. • Garanta um suporte técnico 24 horas.
Serviço de computação que funciona como uma rede remota, mas acessível, formado por uma infraestrutura de hardware subjacente, software e suporte técnico fornecidos através da própria internet.
Para o armazenamento, acesso e compartilhamento de dados e informações por meio de qualquer dispositivo conectado à internet, como smartphones, tablets ou computadores.
Todos os funcionários e voluntários das ONGs que forem cadastrados como usuários e receberem login e senha.
São disponibilizados softwares, plataformas de desenvolvimento e também infraestruturas completas de TI, dependendo da necessidade de cada entidade.
É necessário cadastrar-se em uma plataforma disponível, ter um navegador e uma boa conexão à internet. É bom considerar também o apoio técnico de um profissional de TI e o treinamento da equipe da organização social.
1A pesquisa está disponível para consulta em: <https://www.cgi.br/publicacoes/indice/pesquisas/page:2>
2A pesquisa sobre o uso de computação em nuvem no Terceiro Setor está disponível em: <https://www.techsoupbrasil.org.br/node/4268>
3Planos e preços do Office 365 para entidades sem fins lucrativos. Disponível em: <https://products.office.com/pt-br/nonprofit/office-365-nonprofit-plans-and-pricing#seemore>. Acesso em: 12 jun. 2017.
4Google para organizações sem fins lucrativos. Disponível em:<https://www.google.com/nonprofits/>. Acesso em: 11 jun. 2017.
Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?
Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:
(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)
(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)
(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)
(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)
(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)
(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)
Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:
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