Nos últimos anos, a economia brasileira vem passando por diversas transformações, iniciadas durante a crise mundial de 2008 e agravadas pela atual situação política e econômica do país, que tem causado grandes e constantes mudanças no modo como pessoas físicas e jurídicas lidam com o dinheiro.
Nesse cenário, a escassez de recursos tem se intensificado e afetado consideravelmente as organizações sociais, que agora precisam não apenas disputar contribuidores com outras entidades, como também recorrer a novas maneiras de captar fundos para se manter.
Em um período tão conturbado para o Terceiro Setor, mobilizar recursos tornou-se um aspecto de grande importância no processo de sustentabilidade institucional, capaz de criar condições materiais, financeiras e de trabalho para a viabilidade do projeto político-institucional de uma organização.
Nos últimos anos, o Terceiro Setor brasileiro vem passando por uma intensa reestruturação em suas ações. Cada vez mais as organizações estão recorrendo a grandes eventos – shows, jantares beneficentes e leilões, por exemplo – como forma de captar recursos, que podem ser humanos, materiais, tecnológicos ou financeiros.
"As entidades sociais estão buscando alternativas para captar fundos e, ao mesmo tempo, tentando se projetar na mídia, de modo a divulgar suas causas e alcançar o maior número possível de contribuidores. Quanto mais uma organização e seus projetos estiverem em evidência, maior será a possibilidade de serem vistas e terem suas causas reconhecidas e apoiadas", afirma Karina Ruffo, consultora de patrocínio do Instituto Movimento Pró-Projetos.
Essa necessidade de estar em destaque não se limita aos períodos de crise econômica e ao consequente "desaparecimento" dos recursos fundamentais à manutenção e à ampliação de projetos e ações; no entanto, na atual conjuntura, isso se tornou bastante importante. A visibilidade de uma organização social gera credibilidade e ajuda a promover a aproximação dela e de entes até então pouco acessados, a quem se poderão apresentar propostas e gerar parcerias.
Segundo a consultora, o país tem aproximadamente 800 fontes para captação de recursos financeiros que, juntas, mobilizam cerca de R$ 65 bilhões por ano, entre leis de incentivo, fundos nacionais, editais privados e editais públicos.
De acordo com Danilo Tiisel, advogado especialista em legislação do Terceiro Setor e diretor da Social Profit Consultoria, captar recursos constitui um processo que não deve ser compreendido como sinônimo de pedir dinheiro; é necessário alinhar essa atividade à educação pela causa.
"A captação consiste num processo estruturado e bastante abrangente, que demanda um plano de ação, como uma atividade de gestão estratégica. Não basta somente solicitar um recurso; também é preciso que se saiba falar sobre a causa, de modo a tornar possível a mobilização de pessoas e de recursos, de todos os tipos, em torno dela. Toda a organização deve estar preparada, pois não é apenas um profissional que realiza a captação, mas todos os envolvidos", explica o advogado.
Tão importante quanto captar recursos é também contar com a diversificação de fundos. "Se as organizações dependem de poucas fontes, existe um risco muito grande para a sua sustentabilidade econômica, pois, se aquela fonte secar, a organização pode entrar em colapso econômico. E a gente vê isso acontecer com muita frequência no Terceiro Setor", ressalta.
De maneira sintética, Tiisel explica que existem cinco grandes fontes para a captação de recursos:
Entre essas modalidades, a captação com fontes internacionais tem se apresentado como uma maneira positiva, embora ainda pouco explorada, de contornar a atual situação vivida pelo Terceiro Setor, assim como de gerar relacionamento e ampliar o leque de oportunidades de manutenção e de desenvolvimento de atividades para as organizações.
Foi-se o tempo em que os recursos disponíveis internamente eram suficientes para garantir o pleno funcionamento das organizações sociais. Hoje em dia, eles estão cada vez mais escassos. Portanto, recorrer à cooperação internacional tornou-se uma importante fonte de financiamento para o trabalho social. No entanto, as entidades brasileiras ainda não se beneficiam adequadamente desses recursos por falta de conhecimento a respeito de como buscá-los. A maioria das organizações tem dificuldade na hora de identificar as fontes internacionais e de saber como ou quando recorrer a elas.
A princípio, não existem restrições significativas quanto a quem pode ou não buscar esse tipo de recurso. "Todas as instituições que estejam em dia com suas atividades e, especialmente, aquelas que possuem cadastros nos órgãos competentes, estão habilitadas", afirma Karina Isoton, educadora em captação de recursos e palestrante da Diálogo Social.
Angélica Basthi, coordenadora de comunicação da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), porém, destaca: "As instituições internacionais em geral vêm solicitando que sejam respondidas algumas perguntas sobre a atuação política da organização que está demandando o recurso, como é feita sua prestação de contas ou quem costuma financiá-la. As perguntas costumam estar disponíveis nos sites das instituições financiadoras".
POSIÇÃO | FUNDAÇÃO | ORIGEM |
1 | Bill & Melinda Gates Foundation | Washington |
2 | Silicon Valley Community Foundation | Califórnia |
3 | AbbVie Patient Assistance Foundation | Illinois |
4 | Bristol-Myers Squibb Patient Assistance Foundation | Nova York |
5 | Johnson & Johnson Patient Assistance Foundation, Inc. | Nova Jersey |
6 | Merck Patient Assistance Program, Inc. | Nova Jersey |
7 | Genentech Access to Care Foundation | Califórnia |
8 | Pfizer Patient Assistance Foundation, Inc. | Nova York |
9 | GlaxoSmithKline Patient Access Programs Foundation | Pensilvânia |
10 | Ford Foundation | Nova York |
POSIÇÃO | FUNDAÇÃO | BENEFICIADOS | ANO | VALOR EM US$ |
1 | W. K. Kellogg Foundation | Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa | 2009 | 25.000.000 |
2 | Bill & Melinda Gates Foundation | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) | 2013 | 6.957.203 |
3 | Bill & Melinda Gates Foundation | Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) | 2010 | 3.138.113 |
4 | Ford Foundation | Fundo Brasil de Direitos Humanos | 2007 | 3.000.000 |
5 | The William and Flora Hewlett Foundation | Instituto de Energia e Meio Ambiente | 2010 | 3.000.000 |
6 | Fund for Gender Equality – UN Women's | Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres | 2010 | 3.000.000 |
7 | Fund for Gender Equality – UN Women's | SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia | 2010 | 3.000.000 |
8 | W. K. Kellogg Foundation | Baoba – Fundo para Equidade Racial | 2013 | 2.804.241 |
9 | Bill & Melinda Gates Foundation | Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) | 2014 | 2.663.855 |
10 | Skoll Foundation | Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) | 2012 | 2.600.000 |
Também é importante que as organizações que demandam o financiamento prestem serviços que abranjam a comunidade como um todo, de modo a gerar resultados significativos.
"Sempre se deve analisar o site dos organismos internacionais para entender os eixos pelos quais dispensam recursos e, especialmente, verificar para onde esses recursos foram nos últimos dois a cinco anos, por exemplo.
É preciso entender que, quando se buscam recursos no exterior, não estamos mais conversando com brasileiros.
Isso quer dizer que existem regras e normas específicas de seus países de origem, que devem ser levadas em consideração pelo captador.
Os doadores internacionais normalmente estão focados no que a organização pode dar em retribuição à sociedade.
Por isso, os resultados a serem apresentados são de extrema relevância", pontua a educadora.
A consultora Karina Ruffo ressalta a importância do envolvimento dos primeiro e segundo setores para a captação de recursos internacionais: "Se uma entidade do Terceiro Setor apresentar um projeto sozinha, ela possivelmente terá mais dificuldade para aprová-lo.
É preciso mostrar que se tem parceria com governo, com instituições privadas, com outras organizações do Terceiro Setor.
Essa chancela é muito importante para os possíveis investidores".
Ela cita que, na União Europeia, a instituição não pode entrar com pedido de patrocínio de projeto sozinha, e sim deve contar com o respaldo de organizações parceiras.
As diretrizes utilizadas pelas agências de financiamento, organizações e fundações internacionais para efetuarem suas doações estão vinculadas a macro-objetivos, cujos interesses políticos internacionais têm forte influência em relação ao destino das verbas, geralmente grandes.
Por serem organismos sofisticados e altamente profissionalizados, em certa medida se assemelham às fundações no que tange a linhas de financiamento e análise de projetos.
Mas é certo que podem ser doações volumosas e fazer grande diferença no desenvolvimento da organização.
"Empresas com atividades nos Estados Unidos, por exemplo, podem reverter até 10% do seu imposto de renda em projetos de responsabilidade social no Brasil.
Entre as que utilizam esses recursos, estão companhias como a Vale e a Embraer.
A regra principal é que a instituição que executará o projeto tenha mais de quatro anos de existência", conta a consultora Karina Ruffo.
Segundo Eelco Keij, consultor em captação de recursos com fundações norte-americanas, nos últimos dez anos, organizações brasileiras receberam mais de US$ 430 milhões (cerca de R$ 1,5 milhão)2, oriundos de fundações norte-americanas.
De acordo com a educadora Karina Isoton, no Reino Unido, por exemplo, existem cerca de 300 instituições que destinam recursos a projetos realizados no Brasil.
Outras fontes para captação são organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (BM).
Há ainda organismos multilaterais de crédito, bancos de exportação/importação e também bancos privados, conforme apresentado no Quadro 3.
Organizações internacionais são entidades voluntárias formadas por Estados e detentoras de personalidade jurídica de direito internacional.
Isso significa que organizações não-governamentais não são organizações internacionais, pois nenhum Estado está diretamente ligado a elas.
Consistem em sociedades constituídas por meio de tratados, com a finalidade de buscar interesses comuns por intermédio de uma permanente cooperação entre seus membros.
Assim, organizações internacionais são um conjunto de Estados possuidores de órgãos próprios capazes de exprimir vontade jurídica distinta da de seus membros.
Embora diversas organizações internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e outras, possam ter o mesmo objetivo, seus alcances territoriais serão diversos.
O alcance territorial da ONU, por exemplo, é muito grande, pois quase todos os países do mundo fazem parte dela, enquanto o alcance territorial da Otan é restrito aos Estados Unidos, ao Canadá e aos países europeus banhados pelo Atlântico Norte.
Os propósitos das organizações internacionais são variados, sempre expressos em seus estatutos.
Esses instrumentos têm a natureza jurídica de um tratado internacional e apresentam requisitos comuns.
Entre os objetivos estão: atuar em conjunto, de maneira cooperativa, para buscar avanços econômicos, sociais e políticos para os países membros; buscar soluções em comum para resolver conflitos de interesse entre os Estados-membros; estabelecer políticas de cooperação técnica e científica; determinar normas e parâmetros comuns; traçar estratégias para a resolução de problemas de urgência, como guerras e outros conflitos militares; fiscalizar, por meio de órgãos específicos, o cumprimento das regras instituídas pelos acordos e organizar reuniões para a troca de experiências, definição de novas políticas ou determinação de novos objetivos.
Uma fundação ou organização internacional pode ter vários objetivos que a faça trabalhar em parceria com fundações e instituições de outros países.
FUNDAÇÃO | CARACTERÍSTICAS |
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) | É uma das principais fontes de captação de recursos externos para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. Suas áreas prioritárias são: apoio às políticas e aos programas de desenvolvimento, modernização do Estado, programas sociais e promoção da integração regional para bens e serviços. |
Banco Mundial (BM) | Criado juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), é composto de cinco agências. A mais importante para captação de recursos externos é o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), agência que contempla o setor público, apoia investimentos em educação, saúde, administração pública, agricultura, meio ambiente, infraestrutura, desenvolvimento financeiro e o setor privado, bem como recursos naturais. |
Corporação Andina de Fomento (CAF)/Banco de Desenvolvimento da América Latina | Organização venezuelana que apoia atividades relacionadas ao crescimento econômico e à integração regional no setor de infraestrutura, como rodovias, transporte, telecomunicações, geração e transmissão de energia, água e saneamento ambiental, entre outros. |
Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) | Atua na captação de recursos externos para o incremento da produção agrícola dos países em desenvolvimento, focando em pequenos produtores rurais, trabalhadores sem-terra e outros segmentos da população rural. É voltado a desenvolvimento agrícola, serviços financeiros, infraestrutura rural, pecuária, pesca, treinamento e capacitação institucional, armazenagem, processamento e venda de alimentos, além do desenvolvimento de micro e pequenas empresas. |
Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) | Concede empréstimos, garantias e captação de recursos externos e financia estudos de préinvestimento, identificando oportunidades de interesse dos países membros da Bacia do Prata (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), promovendo iniciativas de desenvolvimento harmônico e de integração da região. |
Global Environment Facility (GEF) | Organização financeira independente formada por 182 países que financia, de modo não reembolsável, atividades relacionadas a biodiversidade, mudanças climáticas, degradação do solo, entre outros. |
Japan Bank for International Cooperation (JBIC) | Organismo 100% constituído de capital do governo japonês, criado para financiar o investimento externo e o comércio internacional das empresas japonesas e apoiar países em desenvolvimento por meio de recursos em condições financeiras subsidiadas para a melhoria da infraestrutura socioeconômica e captação de recursos externos. |
Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW Bankengruppe) | Concede empréstimos e contribuições financeiras a fundo perdido a programas de infraestrutura econômica e social; setores agropecuário e industrial; projetos de conservação do meio ambiente e dos recursos naturais; projetos de pequenas e médias empresas e financiamento de estudos e serviços. |
Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) | Financia e acompanha projetos que melhorem as condições de vida das populações, promovam o crescimento econômico, protejam o meio ambiente e ajudem os países frágeis ou recém-saídos de crises. Também oferece assistência técnica visando a um melhor desempenho da captação de recursos externos e dos projetos financiados. |
Segundo o Instituto Synergos3, organização sem fins lucrativos sediada em Nova York e especializada na criação de fundações, entre essas razões estão:
As fundações e organizações internacionais têm ajudado suas parceiras por meio do cofinanciamento de seus programas de doações, mobilização de recursos adicionais e fornecimento de apoio técnico e de custos operacionais básicos.
Antes de dar início ao processo de captação de recursos externos, as organizações devem estar atentas a alguns aspectos relevantes de seu projeto, como verificar se ele atende a requisitos e diretrizes e se está em consonância com o governo federal.
Os primeiros passos a serem observados são sua organização, seu planejamento e se o projeto está bem estruturado.
Em seguida, é hora de descobrir o financiador ideal.
Se o projeto com captação de recursos externos trata de esgotamento sanitário, pode-se recorrer, por exemplo, a Japan Bank for International Cooperation (JBIC), que avaliará a solicitação e decidirá se financiará ou não a ideia.
Karina Isoton garante que não há mistério nesse processo, mas adverte: "É preciso pesquisar com muita atenção os editais das fundações e organizações estrangeiras e analisar os projetos já enviados e aprovados via site.
Alguns sites disponibilizam mais do que um simples resumo do projeto financiado.
Então, é importante atentar para como eles descrevem suas atividades e os resultados pretendidos (e obtidos), bem como o envio de material audiovisual e fotográfico".
A educadora salienta ainda que, na maioria das vezes, o ideal é ser sucinto, pois o avaliador se prende aos números, às parcerias locais fortes e aos serviços prestados à sociedade, como já citado.
"Esses três itens são extremamente importantes, pois servem como meio para que avaliador verifique como a comunidade atendida pelo projeto é beneficiada, o que deixa de sair das esferas públicas por conta dessa parceria entre instituição e atendidos", completa Karina.
Outro aspecto que se deve ter em mente é que as entidades internacionais, assim como ocorre com suas parceiras, contam com suas próprias políticas relativas a potenciais apoios.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL | HISTÓRICO |
Organização das Nações Unidas (ONU) |
Fundada em 1945, é a maior organização internacional do mundo. Tem como objetivos principais a manutenção da paz mundial, o respeito aos direitos humanos e o progresso social da humanidade.
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Organização dos Estados Americanos (OEA) |
Fundada em 1948, conta com a participação de 35 nações do continente americano. Tem como objetivos principais a integração econômica, a segurança (combate ao terrorismo, ao tráfico de drogas e a armas), o combate à corrupção e o fortalecimento da democracia no continente. |
Organização Mundial do Comércio (OMC) |
Fundada em 1994, conta com a participação de 149 países membros. Atua na fiscalização e na regulamentação do comércio mundial, além de gerenciar acordos comerciais. |
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) | Fundada em 1960, é formada por 34 países. Tem como metas principais o desenvolvimento econômico e a manutenção da estabilidade financeira entre os países membros. |
Organização Mundial da Saúde (OMS) | Fundada em 1948, faz parte da ONU e tem como objetivo principal a gestão de políticas públicas voltadas para a saúde em nível mundial. |
Organização Internacional do Trabalho (OIT) |
Organismo especializado da ONU, foi fundada em abril de 1919. Atua, em nível mundial, em assuntos relacionados ao trabalho e a relações trabalhistas. |
Fundo Monetário Internacional (FMI) |
Criado em 1945, tem como objetivos principais a manutenção da estabilidade financeira e monetária no mundo, o aumento do nível de emprego e a diminuição da pobreza. Conta com a participação de 188 nações. |
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) | Criada em 1949, conta com a participação de 28 países membros. Tem como objetivo principal a manutenção da segurança militar na Europa e nos Estados Unidos. |
"É preciso entender que o perfil do agente que poderá doar o recurso é diferente do brasileiro, principalmente nos quesitos fornecimento de dados e prestação de serviços tangíveis à comunidade em que está inserido.
Os links indicados neste quadro são as principais fontes de informação sobre editais. Navegando por eles, pode-se chegar a várias outras oportunidades para conhecer as fundações e o seu papel em relação à sociedade mundial. |
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Estados UnidosO site da Foundation Center ministra cursos on-line para quem tem interesse e fala inglês – <http://ec.europa.eu/europeaid/work/funding/index_en.htm>. |
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União EuropeiaÉ importante estar atento às chamadas feitas neste link, que dá acesso ao ranking das fundações que mais fazem doações – <http://foundationcenter.org/findfunders/topfunders/top100giving.html>. |
No exterior, estão sempre atentos às questões de balanço social, seriedade com a qual a organização atua, parceiros importantes, programas em andamento e pessoal atingido diretamente pelas ações, enfim, os impactos reais de suas atividades para com a sociedade", ela orienta.
A coordenadora da ABIA, Angélica Basthi, ainda ressalta que há critérios que variam de acordo com as agências e seus interesses institucionais.
"Existem instituições que preferem apoiar projetos de cunho mais técnico; outras optam por apoiar ações de monitoramento; e há ainda aquelas que disponibilizam recursos para programas de intervenção com uma dimensão voltada à oferta de serviços.
No caso da ABIA, contamos com o apoio do MAC Aids Fund, que prioriza ações de prevenção para jovens.
Nossa dica é que os interessados em solicitar recursos estudem bem as informações disponíveis na internet e, se possível, conversem com os funcionários dessas instituições para ter uma ideia clara dos critérios e sanar todas as dúvidas", ela sugere.
De acordo com o consultor Eelco Keij, um dos erros mais comuns ao buscar financiamento é recorrer somente às fundações e às organizações internacionais mais famosas.
"Há milhares de fundações nos Estados Unidos que financiam internacionalmente, então por que se aproximar somente das mais famosas? Uma fundação menos conhecida provavelmente poderia financiar mais uma causa e possivelmente mais rapidamente", ele adverte.
Outro erro, ainda mais grave, é o desconhecimento de como o setor funciona.
"Parafraseando o ex-presidente norte-americano Kennedy: não pergunte o que a fundação pode fazer por você; pergunte a você o que pode fazer pela fundação.
Em outras palavras, cada fundação tem seus próprios objetivos e missão.
Se a organização social garantir que consegue contribuir para que ela os alcance, é mais provável que eles os ouçam", afirma Keij.
Segundo Fernando Rossetti, sócio-diretor da organização Gestão de Interesse Público (GIP), existem dez itens que devem ser evitados por todas as organizações sociais que estão em busca de captação de recursos com fundações internacionais.
São eles:
1. Pensar apenas na proposta que está sendo apresentada: pensar apenas no seu próprio projeto/organização sem considerar ou se alinhar com o posicionamento estratégico do potencial doador garante uma "bola fora" e a perda do financiamento.
2. Agir como se só existisse seu projeto/sua organização: acreditar que sozinho é possível mudar uma realidade pode deixá-lo, de fato, sozinho. As fundações lidam com desafios complexos, como a melhoria da educação ou a garantia de direitos, por exemplo, que são alcançados com aproximações sistêmicas, por meio da articulação de diversos atores.
3. Depender exclusivamente do financiamento buscado: depender demais do financiamento em questão afastará a organização social do recurso. Uma das prioridades para os investidores internacionais é que as entidades apoiadas sejam sustentáveis. Escrever uma proposta sem sinalizar como trará outros apoiadores para sua instituição pode demonstrar que a organização não parou para pensar nisso.
4. Esquecer a transparência e desconhecer o accountability: não ter bons relatórios, indicadores ou números deixará sua instituição sem recursos. Governo, empresas e fundações querem saber de onde vem o dinheiro, para onde ele vai e quais foram seus resultados e seu impacto.
5. Desprezar a governança e descuidar do conselho: ter conselhos fracos, sem representatividade, afasta potenciais financiadores. Uma das principais garantias de sustentabilidade e transparência de uma organização é ter um bom sistema de governança, que promova a perpetuidade de suas ações para além dos líderes de turno.
6. Ter apenas objetivos de longo prazo e intangíveis: vender suas ações sem delimitar os passos que serão dados a cada momento e como se medirá a evolução periodicamente não convence um investidor. É preciso ter um planejamento rigoroso e detalhado.
7. Pensar pequeno e apenas em sua comunidade: restringir o olhar ao público diretamente beneficiado limita as fontes de recurso. Por mais específica e circunscrita que seja sua ação, espera-se que ela possa construir soluções capazes de ganhar escala e gerar transformações que ajudem milhões de pessoas.
8. Esquecer o financiador depois que o cheque foi depositado: deixar de cuidar do relacionamento fará com que a organização perca esse parceiro. O trabalho do captador não acaba quando o dinheiro entra na conta. A fundação internacional faz uma doação não para o projeto, mas para a relação com aquela instituição. Manter essa relação viva e aberta é parte integral da captação.
9. Considerar o doador como um auditor: comunicar apenas as boas notícias gera uma má notícia no fim. Confiança é essencial na relação com os doadores institucionais, e para isso você precisa entender e poder defender. O doador não é um auditor. Portanto, ele quer e precisa que você tenha sucesso. Por isso, você tem de ajudá-lo a entender quais são seus desafios, não apenas os seus sucessos.
10. Deixar para amanhã: não é possível atrasar nem perder prazo. Prazo é algo sagrado para parceiros da cooperação. Se a organização cumprir os pequenos rituais de prazo, horário, formato do template, tabela de orçamento, entre outros, fica muito mais fácil negociar as grandes coisas, como mudança de objetivo (se necessário), problemas que surgirem etc.
Funds for NGOS – <http://www.fundsforngos.org> Site internacional, gratuito, com informações sobre as chamadas por propostas (call for proposals) de todo o mundo. Envia informativo diário com conteúdo sobre financiamentos e bolsas disponíveis. Contém ferramentas de elaboração de projetos. |
|
Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) – <http://www.captacao.org> Site brasileiro, gratuito, com informações sobre as chamadas por propostas (call for proposals) de todo o mundo. Envia informativo semanal com conteúdo sobre financiamentos e captação de recursos. |
|
Foundation Center – <http://www.foundationcenter.org> Organização que reúne informações das milhares de fundações norte-americanas que financiam projetos por todo o mundo. Envia informativo semanal com conteúdo sobre financiamentos e captação de recursos. |
|
Terra Viva Grants Directory – <http://www.terravivagrants.org> Site internacional, gratuito, com informação de doadores na área do meio ambiente. Envia informativo mensal com conteúdo sobre financiamentos e captação de recursos. |
|
Latin America Donor Index – <http://www.lacdonors.org> Banco de doadores de toda a América Latina, organizado pela Fundación Avina e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Gratuito. Contém lista de 548 organizações doadoras, sendo cerca de 100 brasileiras. |
Em mais de meio século de história, a Cáritas Brasileira tem mobilizado recursos para realizar seu projeto político-pedagógico, construindo relações solidárias e fortalecendo a cidadania. A mobilização de recursos junto às fundações internacionais tem sido uma alternativa viável e recomendável para a Rede Cáritas, que mantém relacionamento próximo com muitas agências e potencial para estabelecer novas parcerias, tanto com agências europeias como norte-americanas. "As exigências das agências financiadoras internacionais quanto à apresentação e ao desenvolvimento de projetos e à gestão dos recursos é uma realidade. Nesse sentido, a capacitação das equipes e a implantação de instrumental de gestão são fundamentais para que a Cáritas possa acessar financiamentos de novas agências. Contudo está claro o limite da cooperação internacional para responder às necessidades da Cáritas. Além da necessidade de sustentação financeira, estreitar o relacionamento com a sociedade brasileira tem-se colocado como uma necessidade política, haja vista a importância de ampliar a visibilidade e a credibilidade institucionais. Ampliar ou dinamizar o acesso aos financiadores públicos e privados no Brasil é uma perspectiva importante para a Cáritas", afirma a organização.
AGÊNCIAS DA ONU | |
United Nations Democracy Fund (UNDEF) | http://www.un.org/democracyfund |
UN Women | http://www.unwomen.org |
United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) | http://www.unodc.org |
United Nations Voluntary Fund on Contemporary Forms of Slavery | http://www.ohchr.org/EN/Issues/Slavery/UNVTFCFS/Pages/WhattheFundis.aspx |
United Nations Girls' Education Initiative (UNGEI) | http://www.ungei.org |
AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS | |
União Europeia | https://ec.europa.eu/europeaid/home_en |
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) | https://www.usaid.gov/brazil |
The Australian Agency for International Development (AusAid) | http://brazil.embassy.gov.au/brasportuguese/Development_cooperat. html |
Irish Aid | https://www.irishaid.ie/ |
SIDA | http://www.sida.se/English |
AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS E MULTILATERAIS | |
Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) |
http://www.aecid.es/ES |
The North American Aerospace Defense Command (NORAD) | http://www.norad.no/en |
Japan International Cooperation Agency (JICA) | http://www.jica.go.jp |
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) | http://www.iadb.org/pt |
Banco Mundial | http://www.worldbank.org |
COMUNICAÇÃO | |
Rising Voices | http://rising.globalvoicesonline.org |
Fundação Knight | http://www.knightfoundation.org |
Freedom House | http://www.internetfreedomfh.strutta.com |
Media Legal Defence Initiative (MLDI) | http://www.mediadefence.org |
Community of Democracies | http://www.community-democracies.org |
PAZ | |
Fundo de Inovação Humanitária | http://www.humanitarianinnovation.org |
Tiet Foundation | http://tietfoundation.org |
First Peoples Worldwide | http://www.firstpeoples.org |
Fundação Mi Sangre (Nexso) | http://www.nexso.org |
United States Institute of Peace (USIP) | http://www.usip.org |
PAZ E DEMOCRACIA | |
Berghof Foundation | http://www.berghof-foundation.org |
World Justice Project | http://worldjusticeproject.org |
Inter-American Foundation | http://www.iaf.gov |
Open Society Foundation | http://www.soros.org |
MEIO AMBIENTE | |
Japan Water Forum Fund | http://www.waterforum.jp |
The Walt Disney Company | https://thewaltdisneycompany.com/content/conservation-funding |
The Toyota Foundation | http://www.toyotafound.or.jp/english/program/research.html |
Prêmio Lee Kuan Yew da Água | http://www.siww.com.sg/about-prize |
The Darwin Initiative | http://www.gov.uk/darwin-initiative-applying-for-main-project-funding |
AGRICULTURA E ENERGIA | |
Fundação Rei Balduíno | http://kbs-frb.be |
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD) | http://www.ifad.org |
Ploughshares Fund | http://www.ploughshares.org |
REEEP | http://www.reeep.org |
INOVAÇÃO | |
The Drucker Institute | http://www.druckerinstitute.com |
Rockefeller Foundation | http://centennial.rockefellerfoundation.org |
Fundação Siemens | http://www.empowering-people-award.siemens-stiftung.org |
Fundación Avina | http://www.avina.net |
Fundo de Inovação Global | http://www.globalinnovation.fund |
SAÚDE | |
Elton John Aids Foundation | http://ejaf.org |
The American Foundation for AIDS Research (amfAR) | http://www.amfar.org |
Red Ribbon Award | http://www.redribbonaward.org |
Fundação Aids Elizabeth Taylor | http://elizabethtayloraidsfoundation.org/grants |
Conquer Cancer Foundation | http://www.conquercancerfoundation.org |
JOVENS | |
UN Habitat Urban Youth Fund | http://www.unhabitat.org |
Iniciativa Jovem | http://www.youthpolicy.org |
Jovens para o Desenvolvimento Internacional (YID) | http://yfidnetworks.org |
Desafio Geração Gênesis | http://www.genesis-generation.org |
CULTURA | |
Fundo Internacional para a Diversidade Cultural | http://www.unesco.org/new/en/culture/themes/cultural-diversity/ diversity-of-cultural-expressions/international-fund |
Fundación Mapfre | http://www.fundacionmapfre.org |
The Andrew W. Mellon Foundation | https://mellon.org |
Prêmio de Inovação Intercultural | https://interculturalinnovation.org/the-award |
Proyecto Iberescena | http://www.iberescena.org |
GÊNERO | |
Global Fund for Women | http://www.globalfundforwomen.org |
Red Umbrella Fund | http://www.redumbrellafund.org |
The Match International Women's Fund | http://matchinternational.org/apply |
Frida The Young Feminist Fund | http://youngfeministfund.org |
Astrea Lesbian Foundation for Justice | http://www.astraeafoundation.org |
CRIANÇAS | |
Saving Lives at Birth | http://www.savinglivesatbirth.net |
Wise Initiative | http://www.wise-qatar.org/awards |
Children and Violence Evaluation Challenge Fund | http://www.evaluationchallenge.org |
The Global Fund for Children | http://www.globalfundforchildren.org |
World's Children's Prize | http://worldschildrensprize.org |
DEFICIÊNCIAS E ESPORTES | |
Fundação Abilis | http://www.abilis.fi |
Fundación Once para la Solidaridad con Personas Ciegas de América Latina (FOAL) |
http://foal.es/es/content/convocatoria-abierta-y-permanente-de-foal |
Christopher & Dana Reeve Foundation | http://www.christopherreeve.org |
Peace & Sport | http://www.peace-sport.org |
Fare Network | http://www.farenet.org/get-involved/fare-grants |
OUTROS | |
Brazil Foundation | http://www.brazilfoundation.org |
http://www.google.org | |
Bill & Melinda Gates Foundation | http://www.gatesfoundation.org |
Epic Foundation | http://www.epic.foundation/pt |
Global Giving | http://www.globalgiving.org |
Atualmente, as estratégias de mobilização de recursos públicos têm sido constantes e significativas para a Cáritas Brasileira.
Esse fato não é uma situação específica dessa instituição, mas das organizações sociais no Brasil, decorrente da democratização social ocorrida nos últimos 15 anos, da insuficiência dos recursos internacionais para sustentação das organizações sociais, da abertura de linhas de financiamento vinculadas a programas de interesse do público atendido pelas organizações sociais e da definição de processos mais transparentes e organizados de linhas de financiamento.
Outro exemplo é a Rede La Salle, presente no Brasil desde 1907, que integra a Província La Salle Brasil - Chile, unidade administrativa do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, cuja missão religiosa e educacional foi inaugurada por São João Batista de La Salle em 1680 e, desde então, se espalhou pelo mundo.
Segundo José Alberto Antunes de Miranda, assessor de assuntos institucionais e internacionais da La Salle, a rede começou a se movimentar em relação à elaboração de projetos para envio às agências internacionais a fim de captar recursos para suas atividades educacionais.
"A fim de dar andamento à aplicação internacional de projetos, o La Salle montou, há algum tempo, um escritório de projetos internacionais que se encontram em fase de adaptações da cultura la sallista.
Em outras palavras, o objetivo é mostrar o quanto é importante captar recursos internacionais, porque não se vive de mensalidade de aluno.
Para ganhar mercado e notoriedade, é preciso investir em pesquisa aplicada, pois gera recursos para as empresas que buscam patentes", afirma Miranda.
A ABIA é uma organização não-governamental sem fins lucrativos que atua na mobilização da sociedade civil para o enfrentamento da epidemia de HIV e da aids no Brasil.
A entidade também conta com recursos internacionais para dar continuidade aos seus projetos e atividades, conforme explica Angélica Basthi.
"Nossa experiência sempre foi a mais diversificada possível.
Historicamente, a associação tem tido forte envolvimento de redes internacionais, como o Conselho Latino-Americano e Caribenho de ONGs com Serviços em HIV/Aids (LACCASO).
Aliás, somos hoje a instituição que coordena a diretoria executiva do grupo.
São organizações no nosso campo, mas atuamos em outros países e regiões em que estabelecemos parcerias com outros tipos de instituições, com vistas a fortalecer a pressão política e a solidariedade internacional.
Já firmamos também parcerias com universidades para projetos de pesquisa, cujos recursos seguiram para a universidade e foram repassados para a execução de algum projeto específico".
A Netherlands Hanseniasis Relief Brasil (NHR Brasil) é a filial de representação da Netherlands Leprosy Relief (NLR), ONG holandesa fundada em 1967 para combater a hanseníase em 14 países ao redor do mundo.
A NHR Brasil e a NLR têm o compromisso de trabalhar para criar um mundo livre do sofrimento causado pela hanseníase e pela deficiência física recorrente da hanseníase, e a NHR Brasil aplica essa missão aqui.
"Atualmente, mantemos parceria com duas organizações internacionais – a Campagne Internationale de L'Ordre de Malte Contre la Lèpre (CIOMAL), organização suíça que trabalha no combate à hanseníase, e a Leprosy Research Initiative (LRI), fundo combinado de várias organizações que trabalham com hanseníase no mundo.
Ambas as organizações apoiam o desenvolvimento de pesquisas.
A primeira apoia o desenvolvimento de pesquisa operacional em dois municípios no Piauí, e a segunda é uma iniciativa compartilhada entre os programas comunitários do Brasil e da Indonésia, por meio de pesquisa operacional participativa e emancipatória para a Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC)", conta a coordenadora de arrecadação de recursos Margarida Araújo Praciano.
Links: http://socialprofit.com.br/ | http://abiaids.org.br/ | www.synergos.org/ | http://gip.net.br/ | http://caritas.org.br/ | http://lasalle.edu.br/ | www.nhrbrasil.org.br/
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