FIFE 2024: inteligência artificial, gestão financeira, relacionamento com investidores e MROSC preencheram manhã do penúltimo dia

Por: Instituto Filantropia
26 Abril 2024 - 00h00

fife-2024-inteligencia-artificial-gestao-financeira-relacionamento-com-investidores-e-mrosc-preenchem-manha-do-penultimo-dia12186.png?1714148807

O Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE), em Belo Horizonte, retomou os trabalhos na manhã do dia 25 de abril (penúltimo dia de atividades) com um tema vital para todas as organizações do Terceiro Setor: gestão financeira e estratégias assertivas para captar recursos e eliminar despesas.

Quem esteve na apresentação ministrada por Danilo Ferraz, CEO da Ferraz Capital, especializada em assessoria financeira, aprendeu que saber lidar com o dinheiro é, antes de tudo, um desafio intrínseco dos brasileiros.

“Cerca de 67% dos brasileiros não conseguem poupar nem um centavo por mês, e 78,5% das famílias estão endividadas”, lembrou. “Além disso, temos uma cultura forte no Brasil relacionada a crenças limitantes a respeito de dinheiro. Romper com essa barreira é o primeiro passo para estabelecer uma relação mais saudável com a forma de receber e gastar os recursos, tanto de forma individual quanto na gestão de instituições”, complementou.

Para as organizações, Ferraz propôs três reflexões essenciais no campo da gestão financeira no dia a dia dos seus projetos. “Antes de mais nada, desenvolva a habilidade de negociar, porque muitas pessoas têm interesse em ajudar as ONGs. Minha segunda recomendação é: rentabilize o seu caixa, analisando custos e priorizando investimentos. Por fim, reconheça que o seu item de maior valia é o capital humano”, explicou. 

Relacionamento com investidores como uma estratégia de fortalecimento das organizações sociais foi o tema abordado pelas palestrantes Alessandra da Cunha Peixoto e Marina Horta, ambas do Instituto Localiza.

Como estratégia de fortalecimento das entidades, elas listaram três pilares considerados fundamentais para manter a sinergia entre a organização, a causa e o investidor. São eles: a comunicação entre instituição privada e organização social, de forma clara e transparente; o acompanhamento do projeto, informando sempre as dificuldades para encontrarem soluções conjuntas; e, por fim, a prestação de contas.

“Juntando esses três pilares, a organização social consegue estabelecer uma relação de proximidade com seus parceiros, dando a eles uma visão do conjunto do projeto, desenvolvendo a vontade de perenizar essa relação”, disse Alessandra. Para ela, é de suma importância a aproximação amistosa entre as OSCs e instituições privadas “Sabemos dos desafios das OSCs, mas também que organizações que conseguiram seguir esses três passos, puderam ampliar sua rede de apoiadores.”

Números capitais

O diretor-executivo da ABCR, Fernando Nogueira, iniciou sua apresentação com o seguinte questionamento: "Captar recursos é arte ou ciência?". Ele destacou diversas ferramentas que contribuem para o método, como funil de doadores, ciclo de doações, pirâmide da doação, diversificação e o Canvas.

Usando o que ele chamou de “dez números essenciais para a captação”, Nogueira conseguiu traçar o cenário da captação de recursos no Brasil, detalhando em cada slide um indicador específico, por exemplo:

   R$ 300 é o valor médio doado por brasileiros durante o ano.

   R$ 4,27 bilhões é o quanto o Terceiro Setor movimenta na economia brasileira.

   85% é o percentual de pessoas que doam porque alguém pediu

"Ter acesso a dados e saber interpretá-los é fundamental para tomar decisões estratégicas, especialmente no contexto de captação de recursos. Com essas informações, as organizações podem otimizar suas estratégias e alocar recursos de forma mais eficiente. Compartilhar esses números e discutir sua importância também ajudam a conscientizar as pessoas sobre a necessidade de utilizar dados para melhorar seus processos de captação" afirmou Nogueira.

Regulação

As mudanças no Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e no Decreto nº 11.948 também estiveram entre os temas de destaque da quinta-feira (25). O decreto implementa mudanças significativas no cenário das parcerias federais, e influencia as normativas estaduais e municipais que regulamentam o MROSC.

fife-2024-inteligencia-artificial-gestao-financeira-relacionamento-com-investidores-e-mrosc-preenchem-manha-do-penultimo-dia12191.png?1714148925Uma das mudanças infere que a organização da sociedade civil poderá oferecer contrapartida voluntária, financeira ou em bens e serviços, independentemente do valor global da parceria. Nesse sentido, não poderá ser exigida a oferta de contrapartida como requisito para a celebração de parceria ou avaliada como critério de julgamento em chamamento público.

A advogada Ana Carolina Carrenho, presidente da Comissão de Direito do Terceiro OAB/SP, acredita que o decreto trouxe alterações substanciais em aspectos operacionais, de prestações de contas e de atraso no repasse. “São questões que eram muito práticas e agora foram traduzidas no decreto. Acredito que vai ajudar muito e ser bem positivo. Mas é importante, também, participação e diálogo contínuo com a administração pública de maneira formal”, afirmou.

A captadora de recursos Beatriz Gurgel trouxe para o FIFE a conexão entre o Terceiro Setor e o conceito de environmental, social and governance (ESG). Após explicar a sigla e falar da evolução deste conceito usando uma linha de tempo, ela trouxe à palestra o debate sobre a captação.

“As empresas já estão cobrando governança da instituição, assim como os potenciais patrocinadores querem saber se a instituição pratica o ‘S’. Por fim, os financiadores vão cobrar ‘E’, de meio ambiente, por parte das ONGs”, alertou Beatriz. “Vivemos um tempo de ESG, de uma pauta mais social e diversa que veio para ficar", finalizou.

Comunicação via IA

As salas do Minascentro também foram palco das palestras sobre voluntariado, do radialista Ricardo Ravagnani, e acerca do uso da inteligência artificial para colocar sua causa na imprensa, ministrada pela jornalista Adriana Souza Silva, da agência Pauta Social.

Ravagnani aproveitou o FIFE para anunciar uma nova plataforma que promete ajudar o relacionamento entre quem deseja oferecer um serviço voluntário e os projetos sociais que precisam desse apoio. “A plataforma VOL estará no ar ainda este mês, e seu principal objetivo é ajudar as organizações sociais na hora de fazer a gestão administrativa deste trabalho não remunerado. Com ela, a OSC poderá cadastrar e acompanhar quem, como, quando, onde e o que está sendo feito nos seus projetos”, explicou.

O acesso à ferramenta pelas organizações será gratuito. Empresas, universidades privadas, associações de classe e outras entidades terá a cobrança de uma taxa, de acordo com cada necessidade. Para o palestrante, a tecnologia é importante, mas é o engajamento humano a peça fundamental para garantir o sucesso de qualquer projeto de mobilização das OSCs.

Já Adriana ensinou o passo a passo de como fazer o serviço de assessoria de imprensa com o auxílio do ChatGPT. Por meio de exemplos práticos, ela mostrou técnicas para as OSCs transformarem informação em notícia, dicas de construção de press releases, como criar títulos com a inteligência artificial, meios de encontrar os jornalistas e até se preparar para uma entrevista.

“Por melhor que venham as respostas do ChatGPT, nunca confie 100% nessa ferramenta. É essencial reler o texto com atenção, para eliminar os vieses, retirar vícios de linguagem e customizar o estilo da escrita, deixando o texto mais natural possível”, concluiu.

Sobre o FIFE 2024

O evento terá mais de 100 atividades programadas, com 90 palestrantes do Brasil e exterior, sobre os temas de legislação, tecnologia, comunicação, marketing, captação de recursos e voluntariado, além de uma feira com prestadores de serviços para as organizações sociais.

O FIFE 2024 conta com apoio do Lima & Reis Sociedade de Advogados (Patrocínio Ouro); WebTGI e Blois & Oliveira Assessoria Contábil (Patrocínio Prata); Agência Pauta Social, Conecta Brasil, Criando, Mariz Advocacia e VRS Consult (Patrocínio Bronze); ABCR, Escola Aberta do Terceiro Setor e Fundamig. Saiba mais em https://www.filantropia.ong/.

Fonte: Rede Filantropia
Fotos: Divulgação

PARCEIROS

Incentivadores
AudisaDoação SolutionsDoritos PepsicoFundação Itaú SocialFundação TelefônicaInstituto Algar de Responsabilidade Social INSTITUTO BANCORBRÁSLima & Reis Sociedade de AdvogadosQuality AssociadosR&R
Apoio Institucional
ABCRAbraleAPAECriandoGIFEHYBInstituto DoarInstituto EthosSocial Profit
Parceiros Estratégicos
Ballet BolshoiBee The ChangeBHBIT SISTEMASCarol ZanotiCURTA A CAUSAEconômicaEditora ZeppeliniEverest Fundraising ÊxitosHumentumJungers ConsultoriaLatamMBiasioli AdvogadosPM4NGOsQuantusS&C ASSESSORIA CONTÁBILSeteco Servs Tecnicos Contabeis S/STechsoup